Cada indivíduo possui suas próprias características, que moldam a nossa personalidade. Contudo, mesmo com tantas diferenças no mundo há diversos fatores que fazem parte de um senso comum, ou seja, todos pensam de modo semelhante. Certos costumes são reconhecidos como bons ou ruins, que compreendem de modo coletivo a moralidade. Em outras palavras, trata-se da soma do sistema de valores que cultivamos como seres humanos. Em contrapartida, uma conversa sobre a tomada de decisões éticas e morais sempre é bem-vinda. Porém… qual a diferença entre ética e moral?
Elas se derivam das palavras gregas ‘ethos/ethikos’ e ‘mores/moralis’, que representam costumes ou normais sociais. No entanto, é possível diferenciar a raiz grega de ética da raiz latina de moralidade, de maneira útil, quando colocadas em prática. Por meio de tal entendimento, pode-se afirmar que a ética se inclina para decisões que se baseiam na compreensão mais subjetiva do que é certo e errado, além de ter como pilar o caráter individual. A moral, por sua vez, abrange mais as normas comunitárias ou sociais amplamente compartilhadas sobre o que é certo e errado. Sendo assim, a ética é uma avaliação individual, enquanto a moral vem de um conjunto comunitário de elementos.
Ética e moral: ambos necessitam de diálogo?
Em exemplo prático para diferenciar ética e moral: no primeiro, a pergunta ‘o que devo fazer?’ se transforma em ‘como devemos viver?’, quando cai nas mãos do segundo. De acordo com as mais diversas culturas, tradições e costumes existentes na sociedade contemporânea, precisamos encontrar uma maneira de integrar a sociedade, mas sem deixar de lado quem somos, o que somos. Quando tornamos essa pergunta de vivência com outros indivíduos em algo ético, a resposta pode apresentar um caráter de egoísmo essencial. De antemão, a pessoa se restringe à própria visão do mundo, em vez de levar em conta a existência e relevância dos outros.
Como o conhecimento geral está de forma implícita às questões morais, ele pode – e deve – ser respondido universalmente. Ou seja, é necessário que haja um diálogo compartilhado, justamente por se tratar de assuntos como o bem e justiça que caibam em todos nós. Dentro da moral as opiniões éticas são bem-vindas, todavia, cria-se uma amplitude das ideias até que a moralidade se faça presente. Nesse espaço, um está implicitamente no consciente do outro, onde desde o início é possível entender o que precisa ser dialogado entre as partes que estão propondo o debate, sem que haja sedentarismo de ideias.
Ainda sobre ética e moral, há uma diferença discrepante entre ‘o que devo fazer’ e ‘o que devemos fazer’. Em dilemas éticos, apenas, a tomada de decisão individual pode ter como base as estruturas de imperativos, ‘deve-se fazer’, pois é uma consequência de utilidade. Entretanto, qualquer decisão ética precisa reconhecer que as funções podem ser hierarquizadas e classificadas.
Não devemos limitar nenhum contexto
Nas escolhas morais, por sua vez, a importância está no outro e sua real situação no mundo. Acima de tudo, leva-se em conta quais indivíduos e/ou sociedade mais sofrerá com os impactos das decisões. O diálogo é primordial, ele funciona como objeto de inclusão e autorreflexão, sempre buscando o consenso entre pessoas reais, em vez de procurar por soluções apenas teóricas.
É necessário coletar os fatos, pois este processo antecede qualquer tomada de decisão ética e moral. A dimensão da ética nos leva a pensar em nós mesmos, e reconhecer talentos ou limitações para não sofrermos nenhum tipo de represália. Por outro lado, a dimensão moral entra em cena quando passamos a entender que as escolhas afetam os demais indivíduos, seja a comunidade, em geral, ou a família. Através desse ponto é possível ampliar a própria perspectiva e discussão, para gerar-se um debate até chegar a uma decisão em conjunto.
Pode parecer confuso, mas é controverso considerar certos dilemas exclusivamente éticos ou morais. Neste aspecto, alguns exemplos são: a eutanásia, suicídio, homossexualidade, dentre outros. Cada um desses pontos recebe um olhar distinto, levando em conta quem está sendo o observador, ou aquele que decidirá algo. Se eu penso sobre isso através de um monólogo comigo mesmo, todos juntos precisam dialogar em torno da questão. Nos últimos tempos, essa tarefa está praticamente impossível no Brasil, mas nunca é tarte para voltarmos atrás.
Análise comparativa entre ética e moral
- O que são?
A ética nada mais é que uma espécie de bússola pessoal entre o certo e o errado. A moral se fundamenta nas regras de conduta a uma classe de ações humanas, onde uma escolha afeta a vida do outro.
- De onde eles vêm?
A ética pertence ao indivíduo/ interno. A moral pertence ao sistema social/ externo.
- Por que fazemos isso?
Ética: porque temos a convicção de que algo é certo ou errado. Moral: porque a sociedade diz que é a coisa certa a se fazer.
- A flexibilidade das ações
A ética é bastante consistente, embora possa sofrer alterações se as crenças de um indivíduo mudarem. A definição da moral depende dos outros, é consistente dentro de um contexto, contudo, esses contextos podem ser variáveis.
- Aceitação na sociedade
A ética transcende as normas culturais, mas a moral é regida por diretrizes profissionais e legais, levando em conta tempo e lugar.
Na ética, instituições, grupos culturais, e outras organizações estabelecem os padrões para a criação do código moral. Este dilema é bastante pertinente para que possamos entender onde estamos e o que devemos fazer. Em outras palavras, pode-se afirmar, resumidamente, que a ética está dentro da moral. Isso acontece em decorrência de um único fato: para pensar de forma macro, é preciso ter a plena certeza do que consideramos certo e errado.
E aí, você já sabia qual é a diferença entre ética e moral? Com certeza as aulas de filosofia não são suficientes para esclarecer muitas dúvidas que podem surgir ao longo da vida. Então, compartilhe esse conteúdo em suas redes sociais e não deixe de acompanhar todas as curiosidades incríveis que aparecem aqui no Mundo Curioso!
Fonte: Diffen – The Conversation
Imagem: Freepik