História do Hinduísmo

história do hinduísmo

A história do hinduísmo é a história da religião mais antiga do mundo. Ela se originou na Ásia Central e no Vale do Indo, e é praticada ainda hoje. O termo “hinduísmo” deriva do termo persa “Sindus”, designando aqueles que viviam pelo Rio Indo.

Os aderentes da fé hindu a nomeiam como Sanatan Dharma (“ordem eterna” ou “caminho eterno”. Eles compreendem os preceitos hindus, da forma como descritos nas escrituras védicas, como tendo sido sempre existentes, assim como Brahman, de onde toda a criação emerge.

Brahman é a causa primária, que coloca tudo em movimento e que também está em movimento, aquilo que guia o curso da criação, e que é a própria criação.

A escrita do sistema ocorreu primeiro através dos Vedas, no Período Védico (entre 1.500 e 500 AEC). Contudo, já se transmitiam os conceitos oralmente anets. Não há um fundador para o hinduísmo, tampouco uma data de origem. Se diz que os escritores que registraram os Vedas apenas registraram aquilo que já existia desde sempre.

A história do hinduísmo

Alguma forma do sistema de crenças que se tornaria ou influenciaria o hinduísmo provavelmente existiu no Vale do Indo antes do terceiro milênio AEC, quando uma coalização de tribos nômades que se referiam a si mesmas como arianas vieram para a região da Ásia Central.

Parte deles, os indo-iranianos, se assentaram na região do Irã moderno. Outros, os indo-arianos, foram para o Vale do Indo. O termo “ariano” denomina um grupo de pessoas, não uma raça, e significava “homem livre” ou “nobre”.

As ruínas das cidades de Mohenjo-daro e Harappa apontam que havia uma civilização avançada no Rio Indo em torno de 3.000 AEC. Assim, essa civilização mais tarde influenciaria e se mesclaria com a cultura dos indo-arianos.

Em 2.000 AEC, a grande cidade de Mohenjo-daro tinha ruas de tijolos, água corrente e um sistema industrial, comercial e político altamente desenvolvido. Assim, é quase certo que também tivessem algum sistema religioso, ainda que não haja registros históricos acerca disso.

Contudo, qualquer que fosse a forma dessa religião, ela tinha elementos que depois levariam à base do pensamento védico, assim como os nomes e personalidades dos deuses. Além disso, corresponderia com a religião primitiva da Pérsia.

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Imagem de Ganesha, deus hindu da sabedoria e prosperidade. Imagem: Pixabay

A religião do Vale do Indo desenvolveu-se através da influência de novas incursões durante o Período Védico. Nessa época, o sistema de crenças conhecido como Vedismo se desenvolveu com os povos védicos, que escreviam em sânscrito. Assim, os Vedas apontam a origem primitiva do pensamento indiano, sendo aí o início da história do hinduísmo.

Os Vedas buscavam entender a natureza da existência e o lugar de cada indivíduo na ordem cósmica. Buscando a resposta para essas questões, os sábios criaram um sistema teólogo sublime e complexo que se tornaria o hinduísmo.

Bramanismo

O Vedismo se tornou o Bramanismo, sistema religioso com foco na Verdade subjacente, a Causa Primeira (ou a Origem), de todos os fenômenos observáveis, assim como dos aspectos invisíveis da existência.

Os sábios que desenvolveram o Bramanismo começaram com o mundo observável, que operava de acordo com certas regras. Eles chamavam essas regras de rita (“ordem” e reconheciam que, para a rita existir, algo deveria existir antes para criá-la; ou seja, não era possível haver regras sem alguém que criasse tais regras.

Nesse período, havia muitos deuses no panteão do Vedismo que poderiam ser indicados como a Causa Primeira, mas os sábios buscavam por algo além dessas divindades antropomórficas, algo que integrava toda a realidade em algo uno, algo mais fundamental que a existência ou a não-existência.

Essa entidade foi vista como algo individual, mas tão grande e poderosa que estaria além da compreensão humana. O ser que passaram a se referir como Brahman não apenas existia na realidade (como um dos muitos seres), tampouco fora da realidade (no reino da não-existência ou pré-existência); ele era a realidade em si.

Brahman não apenas originou tudo o que existia; ele era a forma como as coisas existiam, como elas sempre tinham existido e como sempre iriam existir. Por isso a designação de Sanatan Dharma – Ordem Eterna – como nome do sistema de crenças.

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Incenso indiano. Imagem: Pixabay

O hinduísmo clássico

O Bramanismo desenvolveu-se até formar o sistema que conhecemos como Hinduísmo. O Hinduísmo, porém, não é apenas uma religião, e sim uma forma de vida e filosofia. O foco central do hinduísmo, seja lá a forma que alguém lhe atribui, é o autoconhecimento; ao se conhecer, é possível conhecer o Divino.

O mal, então, vem da ignorância daquilo que é bom; o conhecimento daquilo que é bom acaba por negar o mal. O propósito do indivíduo na vida é reconhecer o que é bom e buscar por isso, de acordo com o seu dever pessoal (dharma). A ação envolvida nessa busca é o karma.

Quanto mais responsabilidade e dever o indivíduo realizar suas ações, ou seja, quanto mais alinhar o seu karma com o seu dharma, mais perto ele fica da autorrealização, e assim aproxima-se também da realização do Divino em si mesmo.

Do clássico ao moderno

Entre 500 AEC e 500 EC, os hindus já enfatizavam seus ritos e devoção à diversas divindades, como Vishnu, Shiva e Devi. O conceito de dharma foi introduzido em novos textos, e outras fés, como o Budismo e o Jainismo, se espalharam rapidamente.

Nos próximos séculos, essas religiões indianas alcançariam outras regiões da Ásia, como a China, o Japão, a Tailândia, o Camboja e a Indonésia, mesclando-se com crenças e sistemas locais. A história do hinduísmo, assim, continuaria por outras partes do mundo.

O período medieval do hinduísmo durou entre 500 e 1.500 EC. Novos textos emergiram, e poetas registraram seus sentimentos espirituais nessa época. No século XII, árabes muçulmanos invadiram partes da Índia. Nesse período, que durou entre 1.200 e 1757, os governantes islâmicos proibiam os hindus de praticarem sua religião, e alguns templos foram destruídos.

Entre 1757 e 1947, os britânicos controlavam a Índia. Inicialmente, eles permitiram que os hindus praticassem sua religião. Depois, contudo, missionários cristãos buscaram pela conversão e ocidentalização dos povos indianos.

No século XX, com o político e ativista Mahatma Gandhi, um forte movimento buscou pela independência da Índia. A partição da Índia ocorreu em 1947, e Gandhi foi assassinado em 1948. A Índia Britânica, então, dividiu-se nas nações independentes do Paquistão e da Índia. e o hinduísmo se tornou a religião principal da Índia.

A partir de 1960, muitos hindus migraram para a América do Norte e Grã-Bretanha, espalhando sua fé e filosofia para o mundo ocidental. Assim, a história do hinduísmo continua hoje, sendo praticada por mais de um bilhão de pessoas.

Fontes: Hinduism – World History Encyclopedia e Hinduism – Origins, Facts & Beliefs – HISTORY
Imagem: Pixabay

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