7 pessoas que marcaram a ciência medieval

pessoas que marcaram a ciência medieval
Imagem: Pixabay

As pessoas que marcaram a ciência medieval incluem figuras religiosas, como papas e monges, assim como filósofos, todos compartilhando algo em comum: a busca pelo conhecimento, e por expandir o arcabouço intelectual da humanidade. Avanços técnicos em áreas como geometria, matemática, astronomia, assim como invenções mecânicas e teorias acerca do universo e da natureza foram alguns dos seus feitos, precedendo a gloriosa Renascença e o Iluminismo em vários séculos.

Essas figuras mostram como havia ainda algumas pessoas interessadas em desbravar as diferentes áreas de conhecimento numa época onde tudo era relacionado ao oculto, sobrenatural ou divino. Nesse período, afinal, a Igreja Católica e o cristianismo ainda eram a base de crenças e valores de toda a sociedade europeia, ainda em seu estágio de feudalismo.

Conheça abaixo algumas das pessoas que marcaram a ciência medieval.

A teoria da evolução de Agostinho

Fundamentalistas costumam rejeitar a teoria da evolução, pois se baseiam na leitura literal da Bíblia. Todavia, a igreja medieval chegou a interpretar as escrituras tanto de maneira alegória como literal. Um dos teólogos da época, Agostinho de Hipona, acreditava que a criação não tinha ocorrido em seis dias terrestres – ou seja, não seriam “dias” da maneira que vivemos.

Isso o permitiu propor uma espécie evolução teísta 1400 anos antes de A Origem das Espécies de Darwin.

Agostinho especulou que as águas primordiais originaram todos os animais e plantas, e que cada um desenvolvia-se de acordo com sua própria natureza. Toda a vida biológica se originaria dessas águas, e que Deus não criou todas as espécies ao mesmo tempo.

O papa cientista

O francês Gerbert d’Aurillac, que se tornou o Papa Silvestre II em 999 E.C., foi um cientista que estudou astronomia, geometria e matemática na Espanha muçulmana. Gerbert foi o primeiro cristão conhecido a usar numerais árabes para fazer matemática, ajudando em sua popularização.

Gerbert também foi um astrônomo, usando um tubo para observar as estrelas, registrando suas posições em latitude e longitude, além de desenvolver esferas auxiliares que identificavam constelações e órbitas planetárias.

Como músico, ele construiu um órgão movido a energia hidráulica usando tubos de latão. Como relojeiro, construiu um relógio mecânico. Além de ser uma das pessoas que marcaram a ciência medieval, Gerbert também marcou a linhagem dos papas.

O monge voador

Eilmer de Malmesbury não foi um monge qualquer. Em torno de 1005 E.C., ele se tornou o primeiro aviador da Grã-Bretanha.

Inspirado a voar pela história de Dédalo, ele saltou da torre de 25 metros da Abadia de Wiltshire e sobrevoou 200 metros antes de colidir. Eilmer sobreviveu, mas quebrou ambas as pernas. Posteriormente, percebeu que sua falha foi devido à falta de uma cauda.

Cálculos modernos demonstraram que Eilmer deve ter se projetado na direção do vento sudoeste, que o permitiu planar por certa distância. Contudo, a falta de uma cauda o teria empurrado para exatamente onde ele afirmou ter caído, a 198 metros de distância.

A esfera de Sacrobosco

Nem todos do período medieval acreditavam que a Terra era plana. João de Sacrobosco (1195-1256) foi o Carl Sagan medieval. Seu trabalho em astronomia básica, A Esfera, popularizou a ciência, e foi utilizado como livro didático por séculos após sua morte.

João apontou a evidência de embarcações desaparecendo na linha do horizonte, assim como as mudanças nos padrões das constelações do céu noturno à medida que as pessoas se movem pelo globo. Seu trabalho serviria de ensino a diversas gerações e alunos acerca de matemática básica e a ciência por trás de fenômenos naturais.

O homem que criou o arco-íris

O filósofo inglês Roger Bacon (1220-1292) pressagiou a era da ciência experimental. Estudante de matemática e astronomia, foi o primeiro europeu a descrever o uso da pólvora. Séculos antes de se materializarem, ele propôs máquinas voadoras, embarcações motorizadas e automóveis.

Bacon enfatizou o método empírico na ciência e aprender através da experimentação. Gastou uma fortuna preparando instrumentos de estudo e treinando assistentes, conduzindo experimentos óticos para estudar a natureza da luz.

Certa vez ele surpreendeu seus alunos ao criar um arco-íris ao atravessar luz através de uma conta de vidro, uma das primeiras instâncias da replicação de um fenômeno natural em laboratório. Foi sem dúvidas um homem à frente do seu tempo e uma das pessoas que marcaram a ciência medieval.

O multiverso de Grosseteste

Um dos conceitos mais populares tanto na ciência moderna como na cultura e cinema hoje é a existência de outros universos além do nosso: a existência do multiverso.

Os cientistas se surpreenderam ao descobrir um texto latino escrito em 1225 pelo filósofo inglês Robert Grosseteste (1175-1253), onde ele propunha uma teoria do multiverso e do Big Bang.

Quando eles transformaram as ideias de Grosseteste em equações matemáticas e as alimentaram num computador, descobriram que o universo de fato poderia ter se formado da forma que Grosseteste imaginou. E isso incluía um Big Bang inicial, a união da luz e matéria formando o cosmos, e as nove esferas concêntricas da cosmologia medieval sendo criadas pela compressão de matéria radiando para da camada externa do cosmos para a camada interna.

Assim como os cosmologistas modernos, Grosseteste concluiu que apenas um conjunto específico de condições poderia originar esse tipo de universo, e implicou a ideia de que um conjunto diferente de condições poderia gerar universos muito diferentes – um multiverso.

Heliocentrismo antes de Copérnico

Finalizando a lista de pessoas que marcaram a ciência medieval antecipou a ideia de Copérnico (do século XVI) acerca da Terra não ser o centro do universo. No século XIV, o filósofo-cientista Nicole Oresme argumentou que as referências bíblicas acerca de uma Terra estática não deveriam ser consideradas literalmente.

Isso o permitiu considerar a noção de que o planeta poderia girar em torno do próprio eixo. Oresme também estava inclinado, assim como todos os cientistas, a aceitar explicações naturalistas para o mundo ao invés de sobrenaturais. Para ele, não seria necessário buscar justificativas nos céus, demônios ou no próprio Deus cristão para explicar os efeitos, causas e fenômenos naturais.

Como matemático, ele também inventou coordenadas geométricas bem antes de Descartes, e foi o primeiro a usar expoentes fracionários.

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