Como o cinema sobrevive aos avanços tecnológicos?

Charlie Chaplin foi um grande marco na indústria do cinema.

Assistir filme, seja numa sala de cinema, através de uma televisão ou na tela de um computador, celular ou tablet, é certamente das formas de entretenimento mais comuns no dia de hoje. Os filmes se apresentam como escape para fugir da realidade e imergir numa infinita possibilidade de mundos, desde cenários realistas até interações fantasiosas, mágicas e inexistentes na nossa realidade.

É possível notar públicos cada vez mais exigentes e ávidos por um divertimento no qual sejam conciliados diversos elementos esperados, como enredos envolventes, aliados a uma boa sonoplastia, trilha sonora, fotografia, tempo de tela adequado para um desenrolar coesão da história, etc.

O mercado cinematográfico movimenta quantias monetárias exorbitantes no mercado mundial, tanto relacionadas aos custos de produção, distribuição e exibição do filme em si, como também estratégias de divulgação e marketing que precisam fazer com que as pessoas queiram consumir aquele conteúdo, fato que, atualmente, é bastante difundido através da viralização em redes sociais, licenciamento de produtos oficiais da marca, dentre outros.

No entanto, o cinema da forma como conhecemos hoje percorreu um significativo caminho de evolução desde que foi tomando forma, sendo diretamente influenciado pelo avanço tecnológico e se mostra um mercado em constante evolução e adaptação na busca pelo encantamento do público.

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O cinema se consolidou ao longo dos anos – Freepik.

A evolução do cinema ao lado da evolução tecnológica

Não é possível atribuir a criação dos filmes a um nome em específico. Através do tempo, houve significativas contribuições de diversos indivíduos para transformar imagens estáticas em imagens em movimento, passando, pouco a pouco, de filmes em preto e branco e mudos, para cenários em cores e audíveis, até que chegássemos ao cinema da forma como o conhecemos nos dias de hoje, no qual é possível até a criação gráfica totalmente computadorizada.

O que certamente marca o início da evolução dos filmes é o cinema mudo, cujas produções eram feitas em preto e branco, sem som e muitas vezes em uma única sequência. Nesse período, foi bastante comum gêneros voltados para a comédia, faroeste e romances. Justamente pelo fato de não terem sons ou ruídos, as expressões faciais e corporais dos intérpretes eram de extrema importância para que o público pudesse captar as emoções e sentimentos dos personagens.

Fato que em 1913, nasceu Hollywood, fundada pelos cineastas Cecil B. De Mille e Oscar C. Apfel, que escolheram Los Angeles para se instalarem em decorrência do sol constante, propícia para uma boa iluminação, e da paisagem, de modo que vários outros cineastas mudassem para lá e fizessem com que as imediações se tornassem referência no mercado cinematográfico.

Um grande marco ocorreu no ano de 1927, quando o estúdio Warner Bros. Pictures lançou o primeiro longa-metragem com som sincronizado, intitulado The Jazz Singer, que permitiu a introdução de novos gêneros como o terror e os musicais, já que poderiam, a partir de então, se valer de recursos sonoros para despertar a atenção da audiência. Foi nesse período que muitos estúdios de cinema, além de diversos atores, não conseguiram acompanhar a evolução, demonstrando aí os primeiros indícios de que o cinema seria um mercado em constante evolução e adaptação não só para as produtoras, como para todos os envolvidos no processo produtivo de um filme.

Um dos maiores avanços, mas que também se mostrou um grande desafio para os cinemas, foi a introdução dos filmes transmitidos em canais televisivos e não só em salas com telões gigantes. Percebeu-se aí a necessidade de encorajar e tornar atrativo que as pessoas se deslocassem do conforto de suas casas e pagassem para assistir um filme numa sala de cinema, o que evidencia nesse período a introdução dos efeitos especiais e nas franquias (sequências). Adotava-se como estratégia, que os lançamentos ocorressem primeiramente nas telonas como forma de incentivar a ida aos cinemas.

Além disso, era comum que os filmes fossem lançados em períodos específicos no ano, como as férias escolares. A esse período atribuiu-se o nome de Era dos Blockbusters. A partir de então, produções que apresentassem grande aceitação por parte do público, e que, obviamente, gerassem lucro aos seus idealizadores, ganhassem sequências e mais investimentos tecnológicos, além da constante procura por enredos atrativos, atores e atrizes famosos para gerar interesse nas pessoas e associação de marcas conhecidas como patrocinadoras.

Cecil B. De Mille, o criador de Hollywood.
Cecil B. De Mille, o criador de Hollywood – Britannica Wikipedia.

A distribuição digital dos filmes e o impacto no cinema atual

Assim como verificado quando os filmes passaram a ser televisionados, atualmente é possível encontrar, também, novas formas de produção, distribuição e exibição, através das redes de várias opções de streamings, que vieram para oferecer ao público uma nova maneira de consumo desse tipo de conteúdo. Tendo na palma de sua mão, por meio de um controle remoto ou de um clique na tela do celular, verifica-se cada vez mais a necessidade de fazer com que o público tenha interesse em iniciar a exibição de uma produção e, mais ainda, que se mantenha interessada, com poucos minutos de vídeo, em continuar a sua visualização e chegar até o final da história.

Tarefa ainda mais árdua é garantir que quem chegue no desfecho da produção tenha boas críticas e que as compartilhe de modo a gerar interesse em públicos que não necessariamente seriam o alvo daquela produção, apenas pelo fato de criar algum tipo de engajamento em mídias sociais, tão importantes para o cinema atual em todas as suas formas de exibição.

É inegável que os avanços tecnológicos que estão por vir exigirão do cinema e do mercado cinematográfico, como um todo, uma rápida adaptação frente à maneira como os filmes são tratados perante o público e crítica especializada. É preciso conciliar, além dos interesses e anseios da grande audiência, a viabilidade mercadológica das produções, sejam elas únicas ou advindas de grandes estúdios.

De toda forma, é visível que o mercado cinematográfico tem se expandido cada vez mais nos últimos anos, em decorrência do avanço tecnológico, das diversas formas de entretenimento e do quão inseridas as pessoas estão no contexto atual. A ascensão do cinema, assim como da música, dos diversos meios de multimídia e etc., são acompanhadas pela forma como o público recebe e se apega a cada projeto, tornando-os um sucesso eminente quando o investimento progride de acordo com a demanda. No final das contas, fazer cinema é criar arte.

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