Conheça os motivos de sua construção e queda
A queda do muro de Berlim, que ocorreu 9 de novembro de 1989, deu início à queda do comunismo na Europa Oriental e Central. O fim da guerra fria foi declarado três semanas depois, e a reunificação da Alemanha aconteceu em outubro do ano seguinte.
Contexto
O muro dividir a República Federal da Alemanha ou Alemanha Ocidental da República Democrática Alemã ou Alemanha Oriental também era uma separação simbólica da Guerra Fria, entre o capitalismo do ocidente e o socialismo do oriente.
Helmut Galle, professor associado da Universidade de São Paulo, afirma que os governantes “prepararam uma espécie de lei para viagens livres. Quando essa lei foi apresentada à imprensa à noite, um funcionário, provavelmente em um lapso, disse que ela entraria em vigor imediatamente. As massas começaram a se mover em direção aos pontos de controle na fronteira para a RFA, principalmente em Berlim. Os guardas da fronteira, que não sabiam como agir, abriram as portas e, já nos próximos dias, as pessoas começaram a derrubar o muro com seus martelos”.
Confira, para entender melhor esse momento histórico, algumas questões sobre o muro de Berlim, de acordo com Helmut Galle:
O que era esse muro e por que ele existia?
O muro de Berlim era uma espécie de sistema de fronteira fechada, com cercas, muros e equipamentos para impedir que o povo da Alemanha Oriental fugisse para Alemanha Ocidental. Ele foi criado em 9 de agosto de 1961 para evitar que mais pessoas fugissem para o Oeste.
Por que o muro foi derrubado?
Muito cidadãos, durante o ano de 1989, tentaram fugir pela Hungria e pela República Tchecoslovaca. Além disso, a insatisfação crescente da população culminou em manifestações cada vez maiores. As massas, então, começaram a se mover em direção aos pontos de controle, na fronteira para RFA. Nos próximos dias, as pessoas iniciavam a derrubada do muro.
Qual foi a repercussão desse evento para o mundo?
A maior importância para Europa foi a unificação da Alemanha. Além disso, os soldados russos se retiraram de todos os estados do bloco de Varsóvia, e, as organizações anteriormente ocidentais, ampliaram-se em direção ao leste.
Queda do muro de Berlim
A Alemanha oriental passava por uma crise econômica por causa do aumento da dívida externa do país. Ainda, a indústria e a infraestrutura estavam entrando em colapso. A insatisfação popular era agravada pelo autoritarismo do governo, que não aceitava críticas, perseguia opositores e censurava a cultura e a opinião das pessoas, que era intensa naquele momento. A polícia secreta, chamada Stasi, era o símbolo da repressão do governo.
No Final do ano de 1989, se iniciou a ruína do governo na Alemanha Oriental. A pressão Popular aumentou, exigindo o direito de atravessar fronteiras, para que o povo entrasse na Alemanha ocidental. Então, cerca de 100 mil pessoas se reuniram ao redor do muro de Berlim e, de 9 A 10 de novembro, a multidão começou a sua derrubada.
Consequências
Além de o fim de uma era, a queda do muro também teve impacto nas relações globais. Algumas das mais significativas foram:
Reunificação Alemã: a queda do muro foi um marco simbólico para a reunificação alemã. Em 3 de outubro de 1990, a Alemanha Oriental e Ocidental se uniram, formalmente, transformando a geopolítica europeia.
Fim da Guerra Fria: o muro era símbolo de uma separação ideológica e geopolítica entre os blocos oriental e ocidental. Sua queda representou o fim das tensões entre os EUA e a União Soviética.
Expansão da União Europeia: com a unificação da Alemanha, a União Europeia teve um aumento da influência do país, além de integrar, agora, uma sociedade e economia, anteriormente, divididas.
Desafios sociais na Alemanha Oriental: a transição para uma economia de mercado e a integração social geraram um período de ajuste difícil para os cidadãos do Leste.
Mudanças políticas: a queda do muro e a dissolução da União Soviética, além do colapso dos regimes socialistas na Europa Oriental, geraram profundas modificações no cenário político global.
Desenvolvimento da OTAN e da UE: a reunificação alemã influenciou alianças geopolíticas. O país manteve seus compromissos com a OTAN e, ao mesmo tempo, se envolvia na construção da UE.
Redução das tensões nucleares: o clima político, mais tranquilo, com o final da Guerra Fria, permitiu uma diminuição das tensões nucleares entre EUA e União Soviética. Isso gerou tratados de desarmamento, além de um melhor clima global.
Liberação de movimentos migratórios: os cidadãos alemães ganharam mais liberdade, podendo viajar, estudar e trabalhar no Ocidente, enquanto a Europa acompanhava uma nova mobilidade.
Desafios para a Rússia, pós-Guerra Fria: o país teve que se adaptar a uma nova realidade, pois teve grande perda de influencia sobre outras nações.
Fortalecimento da Diplomacia: as Nações Unidas, entre outras comunidades internacionais, tiveram papel primordial na gestão das transições políticas e sociais na Europa.
Impacto na percepção global: a queda do muro se tornou símbolo de superação, inspirando movimentos em todo o mundo com relação aos direitos humanos e democracia.
Ascensão de líderes reformistas: Mikhail Gorbachev, por exemplo, desempenhou um papel fundamental, implementando reformas, como a Glasnost e a Perestroika. Ele reduziu os gastos militares para alocar os recursos em outras áreas, atuou para reduzir a presença soviética na Guerra do Afeganistão até a retirada do país do conflito, além de negociar o desarmamento nuclear com os EUA.
Expansão da democracia representativa: a queda do muro proporcionou a expansão da democracia representativa. Assim, muitos países autoritários começaram a buscar formas mais inclusivas de governo, se alinhando aos princípios democráticos.
Em resumo, o muro durou 29 anos, fazendo com que a falta de liberdade e autoritarismo do governo da Alemanha Oriental levassem a sua derrubada. Um ano depois da sua queda, a Alemanha se unia novamente, após quase 50 anos de separação.
Acredita-se que mais de 100 pessoas tenham morrido, ao tentar atravessar o muro, O pedreiro Peter Fetcher morreu diante das câmeras de televisão, mas as mortes mais dramáticas ocorreram em 1966, quando duas crianças foram baleadas. O último a falecer foi o engenheiro Winfried Freudenberg, caindo morto, com o seu balão de gás.