Recentemente a TV Globo lançou a novela ‘Pantanal’, remake de uma obra original da TV Manchete, exibida no início dos anos 90. Resgatando aquele sentimento de nostalgia no público, a trama nos envolve em uma atmosfera de fantasia e emoção, apresentando elementos que caminham entre o lúdico e a realidade. Acima de tudo, a história está fazendo sucesso e reergueu os números de audiência do horário, que estava em baixa desde o início da pandemia. As cenas e figurinos dos personagens permitem que os telespectadores embarquem em uma aventura inédita, desfrutando (mesmo que pela TV) de um dos cenários mais fantásticos do mundo. Então, por que o Pantanal chama tanto a atenção das pessoas? O que ele esconde de especial?
Em primeiro lugar, é importante frisar que estamos falando da maior área úmida tropical do mundo, com mais de 70.000 milhas quadradas. Ou seja, apenas para níveis de comparação, essa região brasileira é do tamanho do estado de Washington, nos Estados Unidos. Na verdade, se fizesse parte do país norte-americano, seria maior que Florida, Wisconsin, Nova York e pelo menos outros 25 estados. Se estivesse sobreposto sobre a Europa, abrangeria pelo menos nove países, dentre eles Irlanda, Áustria, Inglaterra, Hungria e Grécia. Embora os holofotes sempre se voltem à Floresta Amazônica, é ali no centro-oeste do país que há a maior concentração de vida selvagem do continente.
Onças, araras e outras espécies que o Pantanal abriga
A vida no Pantanal pulsa como um coração acelerado, todos os anos as chuvas torrenciais enchem sua bacia gigante, formando uma paisagem inundada que se perde aos olhos humanos. Logo que o período de chuvas diminui, a água escoa para o rio Paraguai, deixando para trás peixes e outros bichos que chamam atenção de garças, colhereiros e cegonhas. Inclusive, os pantaneiros (os vaqueiros locais que moram no cenário paradisíaco) guiam seus rebanhos em sincronia com a água.
Porém, se engana quem pensa que a fauna do local se baseia apenas na avifauna, pois há outros animais fantásticos e igualmente incríveis. As terras pantanosas abrigam tamanduás gigantes, macacos, sucuris verdes (dentre as maiores cobras do mundo), as temidas onças, dentre uma enorme variedade. Agora, vamos mais a fundo sobre esse assunto?
Na enorme zona úmida há, pelo menos, 10 milhões de jacarés, sendo a maior concentração desse réptil em todo o planeta. Em contrapartida, é ali também que mora o maior papagaio do mundo, a arara-azul. Estima-se que o lugar atraia mais de um milhão de turistas por ano, que ficam encantados com a biodiversidade e atmosfera do território.
No meio das florestas, bichos e vegetação extensa, está o pantaneiro, conhecido também como peão. Em integração direta com tudo que está ao seu redor, ele é capaz de entender as ações da natureza e se preparar para recebe-las, assim como as chuvas e secas. Em outras palavras, pode-se dizer que os pantaneiros são responsáveis pela vida e riqueza do território, já que o solo úmido é usado há muitas décadas para criação de gado. Eles geralmente vivem em harmonia com o meio-ambiente e costumam se isolar pelo difícil acesso a outras regiões.
O que pode estar ameaçando esse bioma?
Os pantaneiros preservam suas tradições e cultura não só em decorrência do trabalho pesado na terra, mas sim por meio das festas tradicionais. Geralmente as pessoas dançam sob o som da viola, se empolgam com músicas folclóricas e um dos eventos mais famosos é a ‘Festa de São Benedito’, que ocorre em Cuiabá. A primeira festa que carrega esse nome aconteceu em 1719, quando a cidade foi fundada, e teve como principal objetivo homenagear o afro-brasileiro São Benedito, padroeiro do local.
Não há como negar que neste terreno pantanoso há muitos pedaços exuberantes e intocados do Brasil. Estima-se que 85% de sua cobertura vegetal nativa ainda permanece intacta, mas existem ameaças que merecem a atenção de quem deseja preservar este tesouro natural. A expansão das monoculturas de cana de açúcar, soja e eucalipto aparece em primeiro lugar, seguida pela pecuária extensiva em pastagens plantadas, incêndios devastadores e, por fim, grandes obras de infraestrutura, como hidrovias e barragens. Em outras palavras, não se pode fechar os olhos para todos os problemas que, de alguma maneira, podem influenciar de forma negativa um dos cenários mais incríveis do mundo.
Iniciativas para proteger o território pantanoso
Não é à toa que o Pantanal foi declarado Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera pela UNESCO, mas o que isso significa? As áreas que carregam esse selo funcionam como instrumentos para o desenvolvimento sustentável, além de permanecerem sob a jurisdição dos estados em que estão inseridas. Todavia, se engana quem acredita que trata-se de um território completamente brasileiro: 20% de toda sua área fica na Bolívia e 18% no Paraguai, ou seja, 62% é do Brasil. Então, infelizmente as ameaças que sofre são ‘comuns’ nestes respectivos países, o que vem causando preocupação por parte de ambientalistas e protetores.
Apenas 3,19% do bioma é coberto por áreas protegidas. Um estudo da WWF- Brasil apontou que a região já perdeu 50% de sua cobertura original. Se antes o uso dominante das terras era para a pecuária, hoje o cenário está mudando, pois a agricultura entrou com força ali. Estima-se que entre 2012 e 2014, apenas a plantação de eucalipto ocupou 61 km², já imaginou como a situação está agora? Por isso, criaram o ‘Pacto pela Defesa das Nascentes do Pantanal’, uma aliança que assegura o compromisso da sociedade civil, do setor privado e público. O foco está na promoção do desenvolvimento sustentável em 25 municípios do Mato Grosso, com atividades conjuntas que visam recuperar e conservar as nascentes dos rios que representam 30% das águas pantanosas.
Um cenário paradisíaco, com animais, vegetação e outros elementos que pouco se vê na esfera global. Ele é mais que uma beleza natural, mas sim um tesouro que deve – e merece – ser preservado. E aí, você já visitou essa região ou tem vontade? Compartilhe essas curiosidades incríveis em suas redes sociais e continue acompanhando o Mundo Curioso.
Fonte: National Geographic, Britannica e WWF.
Imagem: Natural World Safaris.
