Em que ano foi proclamada a república do Brasil?

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No passado, saber em que ano foi proclamada a república do Brasil era quase como uma questão de honra e dignidade. Não se admitia tal nível de desconhecimento da nossa história. No entanto, muita coisa mudou, e, hoje, não há nem sombra daquele antigo constrangimento diante de questões simbólicas como essa.

Pois bem, de acordo com a história, a data exata da proclamação da república brasileira foi 15 de novembro de 1889. Foi nesse dia que um movimento (para muitos um golpe) decidiu acabar de vez com a até então monarquia brasileira e instalar, em seu lugar, uma “República Federativa Presidencialista”.

Em síntese, à época, tratava-se de uma movimentação com caráter político-militar, que via o império como o símbolo do atraso no país. Por isso, nesse dia, o então imperador D. Pedro II fora simplesmente convidado a retirar-se do poder. E em seu lugar instalou-se o controverso Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), antigo veterano da Guerra do Paraguai. Ele agora surgia na história como o primeiro presidente da República Federativa do Brasil.

Ademais, como uma curiosidade acerca desse evento, consta que o marechal sempre foi, na verdade, um ferrenho defensor da monarquia. Curiosamente, o nosso primeiro presidente era um reconhecido opositor da república. Ele a considerava uma guinada muito radical para uma nação tão política e culturalmente despreparada, como a brasileira.

Em que ano foi proclamada a república do Brasil e quais as suas características?

Dentre as principais características desse chamado “programa republicano brasileiro” destacou-se a busca por descentralizar a administração do país. Ademais, a instituição da república também visava garantir uma maior representatividade. E ela também pretendia estabelecer a liberdade de credo e uma maior participação do povo nas decisões.

Paralelamente a isso, os seus partidários desejavam eliminar o caráter vitalício da função de senador – era outro ponto inegociável para essa república que surgia. Eles tinham interesse também em diminuir a interferência do Estado sobre a Igreja Católica e dar maior liberdade de expressão ao exército.

Do mesmo modo, pretendia-se agradar aos proprietários de terras e à classe média urbana, que ansiavam por uma maior participação política nas decisões estratégicas nacionais. E, por isso mesmo, tão importante quanto saber em que ano foi proclamada a república do Brasil, é saber identificar corretamente algumas das suas principais características.

Em síntese, é importante saber, por exemplo, que esse foi um movimento tipicamente militar. Estes se viam, à época, como os “defensores da pátria”.

Além disso, é importante salientar o fato de que a instituição da república tinha um caráter um tanto quanto elitista. Ela, curiosamente, não teve praticamente nenhum apoio do cidadão comum, que parecia reconhecer a importância de alguns feitos da monarquia, como a abolição da escravatura, por exemplo.

Assim sendo, o que se conclui é que, na verdade, a instituição da república visava a interesses meramente particulares.

Tudo bem que ela buscava uma adequação a tudo o que acontecia no mundo, em especial na Europa, onde a missão com a qual se revestia a república parecia adequar-se aos novos tempos. Porém essa era uma adequação que talvez atendesse mais aos interesses burgueses, que era, sem sombra de dúvida, a principal classe econômica na época desses acontecimentos.

As singularidades da república

Uma outra característica marcante dessa república que se instalava no país era a sua estreita ligação com a maçonaria. De fato, desde o seu presidente (o Marechal Deodoro da Fonseca), passando pelo seu vice (Marechal Floriano Peixoto), até os seus ministros, todos eram membros da controversa organização fraterna.

Paralelamente a isso, buscava-se um alinhamento da nação com os ideais positivistas, que pretendiam que a ciência desse sempre a última palavra. Pretendia-se, com isso, uma espécie de “fortalecimento da nação”, a partir de iniciativas econômicas e educacionais.

Em resumo, essas iniciativas garantiam o estabelecimento da associação entre “Ordem e Progresso”, com base no que sugeriam algumas filosofias, como as de Auguste Comte, por exemplo.

Mas aqui a curiosidade está no fato de que, apesar do caráter radical do movimento, ela em praticamente nada alterou a ordem estabelecida. As posições hierárquicas, a presença do cidadão comum na base da pirâmide social e os projetos para interesses particulares permaneciam. Só o que ocorria mesmo era uma sutil e inquestionável mudança de mãos do poder político e econômico no país.

Antes ele permanecia nas mãos de uma única família, de forma centralizada e inegociável. Mas agora ele deveria ser posto em várias mãos, em especial nas mãos dos grandes fazendeiros, em uma elite ligada à agricultura, basicamente. Uma classe que há muito exigia um maior controle sobre os projetos nacionais, que visavam, antes de mais nada, alinhar o Brasil a tudo o que ocorria no mundo considerado desenvolvido e de 1º mundo.

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Fontes: UFRGS
Imagem: WikimediaCommons

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