Evolução rápida: o que é e principais exemplos na natureza

Evolução rápida - Ecologia Verde
Evolução rápida - Foto: Ecologia Verde

A evolução rápida é uma demonstração clara de que as coisas podem funcionar de forma bem diferente do que nós imaginamos.

Isso porque, quando o assunto é evolução, geralmente imaginamos processos demorados, que levam milhares ou milhões de anos para acontecer.

E apesar de esse poder realmente ser o caso em grande parte das especificações, a evolução rápida também se faz presente. Acompanhe e saiba mais sobre esse processo!

Veja também: Evolução paralela: o que é e principais exemplos na natureza

O que é a evolução rápida?

Como o próprio nome deixa entender, a evolução rápida é um processo evolutivo que acontece dentro de um curto período de tempo, passando por algumas gerações de seres vivos relacionados.

Sendo assim, há mudanças ligadas à distribuição de características hereditárias ou então na frequência de alelos dentro de uma determinada população, considerando essas gerações.

A verdade é que os processos evolutivos são bem mais complexos do que se possa imaginar, e quando se fala em rapidez, esse termo é bastante relativo.

Em alguns casos, como no exemplo do lagarto brasileiro que traremos mais abaixo, essa evolução aconteceu em apenas 15 anos.

Em contrapartida, uma evolução também pode ser considerada rápida se ela acontecer dentro de 100.000 anos, que é um tempo médio observado nas especificações.

O mais correto, contudo, é considerar a escala de tempo e o próprio organismo observado, já que eles influem diretamente nessa perspectiva.

No fim das contas, o que importa de verdade é essa proporção entre o tempo e a magnitude da mudança.

Quais são as diferenças entre evolução rápida e evolução lenta?

Em contrapartida à evolução rápida, temos também a chamada evolução lenta ou gradual.

E como é possível inferir pela própria nomeação, diz respeito a um processo evolutivo que acontece gradualmente, ao longo de muitas gerações e milhares de anos.

O mais interessante de tudo isso é que ambos os processos são a base de duas teorias importantes da área.

A evolução lenta, nesse caso, é o esqueleto da teoria da evolução de Darwin, amplamente difundida em todo o mundo.

Já a evolução rápida traduz muito bem a teoria proposta pelos paleontologistas Niles Eldredge e Stephan Jay Gould, o chamado equilíbrio pontuado.

Segundo ela, logo após essa rápida especificação, há um longo período de estabilidade, sendo que a evolução é formada desses estouros e pausas.

Apesar de se opuserem, o mais aceito é que ambas as teorias sejam complementares.

Afinal, as espécies atuais realmente são formadas a partir de diferentes tipos de evolução, como é o caso da paralela, divergente e a convergente.

Confira agora: O que é divergência evolutiva: conceito, características e exemplos

O que causa a evolução rápida?

Quando se fala nos processos evolutivos, logo se vem à cabeça a chamada seleção natural, conceito comum e aceito na teoria de Darwin.

No entanto, não é apenas essa seleção dos mais fortes e adaptados, feita pela natureza, que torna a evolução rápida possível.

O que acontece também é uma deriva genética, onde há uma mudança aleatória nas frequências dos alelos, motivada em muitos casos pelo isolamento de uma parte da população, intervenção humana, migrações, mudanças ambientais, diminuição de competidores, etc.

E é exatamente por isso que a evolução rápida é muito comum em populações pequenas e não em grandes grupos de indivíduos.

Quando um pequeno grupo de uma população acaba se isolando dos demais, e passa a viver em um ambiente modificado, as pressões exercidas levam a seleção e posterior reprodução entre os indivíduos, o que acelera a especificação.

Principais exemplos de evolução rápida

Uma forma bem simples para entender de vez o que é a evolução rápida, é observando os exemplos desse processo na natureza. Confira alguns casos emblemáticos!

Lagarto brasileiro

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Gymnodactylus amarali Foto: The Reptile Database

Tudo começou em 1996, com a criação da Usina Hidrelétrica Serra da Mesa, em Minaçu, estado de Goiás, que acabou inundando uma extensa área de cerrado.

Essa inundação, consequentemente, acabou levando ao surgimento de diversas pequenas ilhas (300 ao todo), completamente isoladas uma das outras, devido à água.

E nesses locais, apesar do desaparecimento de muitas espécies de lagartos, acabaram gerando um ambiente favorável para uma espécie em especial, o Gymnodactylus amarali.

Por ser bem menor, ele não tinha uma demanda energética tão alta, o que lhe favoreceu bastante.

O grande problema era que os cupins maiores, antes consumidos pelos rivais, e que agora estavam disponíveis em maior abundância, eram muito grandes para sua cabeça.

A solução encontrada foi justamente o desenvolvimento de uma cabeça maior, mantendo o corpo pequeno – para não abrir mão da vantagem do pouco gasto energético.

A comprovação dessa evolução rápida, acontecendo em cerca de 15 anos, se deu pelas mãos da Mariana Eloy de Amorim, bióloga da Universidade de Brasília (UnB).

O estudo coletou e analisou indivíduos de 5 ilhas da hidrelétrica, e os comparou com outros exemplares que viviam fora dessa área, mostrando um aumento de 4% no tamanho das cabeças da espécie isolada.

Moscas da fruta de Diane Dodd 

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Mosca da fruta Foto: Wikipédia

Um exemplo de evolução rápida muito importante, apesar de não ter acontecido na natureza, foram as moscas da fruta.

Esse foi um experimento guiado pela bióloga Diane Dodd, em 1989, onde ela separou alguns exemplares de uma mesma espécie de mosca da fruta, residentes de Bryce Canyon, Utah, Estados Unidos.

Esses exemplares foram divididos em dois grupos, causando assim um isolamento geográfico, e expostos ao longo de algumas gerações a diferentes pressões ambientais e fontes de alimentos.

Passados um ano da separação inicial, Dodd resolveu juntar novamente os indivíduos e observou uma preferência pelo cruzamento entre os exemplares do mesmo grupo, além de mudanças genéticas que acabaram impedindo as moscas de se acasalarem entre grupos divergentes.

Ou seja, o isolamento geográfico levou ao isolamento reprodutivo entre as moscas, demonstrando um caso claro de evolução rápida.

Saiba mais: O que é convergência evolutiva: conceito, características e exemplos

Fontes: Ecologia VerdeStudy

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