As figuras de linguagem são recursos muito usados no dia a dia, para expressar sentimentos ou tornar a comunicação mais fluida. Além disso, é um tema recorrente nos principais vestibulares e concursos de todo o país.
É indispensável saber o que são essas figuras, como se classificam e quando usar cada uma delas. Portanto, veja nesse artigo todos os tipos e aprenda a aplicar de forma correta.
O que são as figuras de linguagem?
Figuras de linguagem são recursos de estilos usados tanto na fala quanto escrita para expressão, clareza ou ênfase. Dessa forma, ajudam a tornar a mensagem mais compreensiva.
Com elas, pode-se ir além do significado literal das palavras ou expressões, ou seja, destoando de comum. Por exemplo, ao dizer que alguém é pão duro significa que é uma pessoa avarenta.
Quando usar a figura de linguagem?
Há várias situações em que as figuras de linguagem podem ser usadas, mas é preciso saber o sentido que deseja expressar na fala ou escrita. Afinal, existem muitos tipos e cada um se aplica melhor em um caso.
4 tipos de figuras de linguagem
O primeiro passo para entender as figuras de linguagem é preciso conhecer os quatro tipos existentes, que são:
- Figuras de semântica ou de palavras;
- As figuras de sintaxe ou construção;
- Figuras de pensamento;
- Por fim, as figuras de som/sentido ou harmonia.
A nomenclatura que os tipos recebem variam de acordo com os autores, mas as citadas acima são as mais comuns. Portanto, veja a seguir quais são as figuras que se enquadram em cada uma delas.
Leia mais: As 10 línguas mais difíceis de aprender
1 – Figuras de linguagem de semântica
As figuras de linguagem de semântica ou palavras são aquelas em que há o uso de um termo com sentido conotativo ou figurado. Ou seja, extrapola seu sentido original. Então, são elas:
- Metáfora;
- Catacrese;
- Metonímia;
- Sinédoque;
- Antonomásia ou perífrase;
- Comparação ou símile;
- Sinestesia.
Conheça um pouco mais sobre cada uma delas e qual o sentido que expressam em uma frase.
Metáfora
A metáfora certamente é uma das figuras de linguagem mais conhecida e refere-se a uma comparação sem uso de conjunção ou locução conjuntiva comparativa. Por exemplo, como, tanto quanto, entre outros.
Para entender, confira algumas frases em que há metáfora:
- “O amor é fogo que arde sem se ver”;
- “A Ana é um doce de pessoa”;
- “Essa empresa é uma mãe”.
Catacrese é um das figuras de linguagem de semântica
No caso da catacrese, emprega-se de forma inadequada um termo devido à perda do sentido original. Isso porque, não há uma palavra ou expressão específica para designar algo ou é desconhecido seu significado. Por exemplo:
- “O pé da mesa está velho”;
- “Estamos há um ano de quarentena”;
- “Vou precisar de um dente de alho para a receita”.
Metonímia
Ainda nas figuras de linguagem de semântica há a metonímia. Então, ela acontece quando há a troca de uma palavra por outra, mas que tenham alguma associação. São 14 subclassificações nesse caso. Portanto, veja a seguir cada uma delas:
- Autor pela obra: “Depois que li Colleen Hoover nunca mais fui a mesma”;
- Possuidor pelo possuído: “Fui à terapeuta depois de uma semana difícil”;
- Lugar pelo produto: “Ela só bebia Porto e nada mais”;
- Efeito pela causa: “Tudo que comprei é fruto do meu suor”;
- Continente pelo conteúdo: “Minha filha comeu um prato de sopa”;
- Instrumento pelo agente: “Amanda é um bisturi incrível”;
- Coisa pela sua representação: “Ninguém fala mal da minha terra na minha frente”;
- Inventor pelo invento: “A Pequena Sereia foi criada pela Disney”;
- Concreto pelo abstrato: “Não tinha mais estômago para ficar naquele local”;
- Parte pelo todo: “Eu tenho três bocas para sustentar”;
- Qualidade pela espécie: “As aves são excelentes viajantes”;
- Singular pelo plural: “A mulher não tolera mais o machismo”;
- Matéria pelo objeto: “Pegue a porcelana para o jantar”;
- Indivíduo pela classe: “Ele joga como um Neymar”.
Sinédoque é um das figuras de linguagem de semântica
É uma variedade da metonímia e acontece quando uma palavra empregada, em uma frase ou oração, abarca a totalidade de algo, mesmo que seu sentido seja apenas de uma parte. Por exemplo: “O Brasil rompeu as relações com a Argentina”.
Antonomásia ou perífrase
Outra das figuras de linguagem de semântica é a antonomásia ou perífrase. Aliás, ela é parecida com a metonímia, visto que há uma relação de proximidade entre o conceito expresso e a palavra utilizada.
Neste caso, há a troca de identificação padrão por uma atribuição das características do que foi citado. Por exemplo:
- “Bruna, há um Judas com você”;
- “O Rei das Selvas não está em extinção”;
- “Eu quero conhecer a cidade luz”.
Comparação ou símile
Na comparação ou símile há a construção de um paralelo entre seres ou situações por conta de semelhanças. Além disso, a comparação fica explícita na oração com uso de conjunções, por exemplo, “como”, “que nem”, “igual a”, entre outras.
- “Pedro é tal qual uma brisa quente”;
- “Seus olhos são como Jabuticabas”;
- “O pensamento é que nem um diamante lapidado”.
Sinestesia é um das figuras de linguagem de semântica
Por fim, a última figura de linguagem deste tipo é a sinestesia, ou seja, a combinação de dois ou mais sentidos. Portanto, paladar, tato, visão, audição e olfato.
- “O brilho da manhã não eliminava o del da minha existência”;
- “O doce som do vento nas árvores”;
- “Seu perfume macio me fazia ouvir pássaros”.
Leia mais: 8 línguas estrangeiras que podem desaparecer nas próximas décadas
2 – As figuras de linguagem de sintaxe
Outro tipo de figuras de linguagem são as de sintaxe ou construção. Então, são usadas para modificar um período, para trazer mais expressividade ao texto. Dessa forma, interfere na estrutura gramatical.
Elas podem operar de diversas maneiras, por exemplo, na repetição, inversão ou omissão dos termos. Além disso, se classificam como:
- Anacoluto;
- Anáfora;
- Anástrofe;
- Assíndeto;
- Polissíndeto;
- Elipse;
- Zeugma;
- Silepse;
- Hipérbato;
- Por fim, o pleonasmo.
A seguir, entenda cada um dos tipos e confira exemplos para facilitar seus estudos.
Anacoluto
Uma das figuras de linguagem de sintaxe é o anacoluto. Assim, acontece quando há uma quebra na estrutura gramatical de uma sentença. Aliás, é um recurso comum na transcrição de falas e diálogos, porque o termo inicial tende a ser desconectado do período.
- “Os jovens de hoje, parece que não tem juízo”.
Anáfora é uma das figuras de linguagem de sintaxe
A anáfora é a repetição de um termo, palavra ou expressão em início de frases ou em versos consecutivos. Ou seja, é muito comum em músicas ou poemas. Por exemplo, nessa canção de Chico Buarque:
- “Olha a voz que me resta / Olha a veia que salta / Olha a gota que falta pro desfecho da festa”.
Anástrofe
É uma versão contrária, em geral, representada pela troca do sujeito e predicado. Porém, não finaliza a ligação entre as palavras. Então, veja dois exemplos para entender:
- “Tão cansada estou”;
- “Com papas e bolos se enganam os tolos”.
Assíndeto
É quando há a omissão de conectivos para tornar uma mensagem mais clara e precisa. Portanto, um exemplo é:
- “Hoje choveu, molhou, parou, fez sol, anoiteceu”.
Polissíndeto é uma das figuras de linguagem de sintaxe
O polissíndeto ocorre quando os conectivos coordenativos são repetidos de forma proposital em uma frase. Por exemplo:
- “E corre, e chora, e grita, e cansa, e dorme”.
Elipse
A elipse está na lista de figuras de linguagem e acontece quando um termo ou oração é omitido de um texto. Mas, ainda sim pode ser identificada com o contexto. Aliás, ela se classifica em três tipos:
- Nominal: quando apenas uma palavra é omitida;
- Verbal: neste caso um verbo é omitido;
- Por fim a frástica: quando uma frase completa é omitida.
Para entender melhor, veja uma frase que há o emprego da elipse:
- “Andei a tarde toda pela cidade”;
- “Entrei em casa. A mesa bagunçada. As velas apagadas”.
Zeugma é uma das figuras de linguagem de sintaxe
Bem parecido com a elipse, porém, é quando um termo ou palavra que foram ditos em uma oração anterior são suprimidos em outras. Por exemplo:
- “A uns foi permitido estudar, a outros, fazerem os afazeres da casa”.
Silepse
Ainda as figuras de linguagem de sintaxe temos a elipse, que é quando a concordância nominal ou verbal não se expressam com um termo específico. Portanto, seguem com a ideia contida nela. Assim, pode ser classificada em três tipos:
- Silepse de gênero: discordância entre feminino e masculino;
- Número: discordância entre plural e singular;
- Por fim, a silepse de pessoa: neste caso há discordância entre o sujeito e o verbo. Ou seja, o primeiro aparece em terceira pessoa e o segundo na primeira pessoa do plural.
Confira alguns exemplos de silepse para compreender melhor:
- “A maior parte dos jogadores se perderam”.
- “Os brasileiros não gostamos de Argentinos”;
- “Vossa excelência para bravo”.
Hipérbato é uma das figuras de linguagem de sintaxe
As orações geralmente são compostas por sujeito + verbo + complemento + adjuntos, mas quando há hipérbato a ordem é invertida. Dessa forma, destaca-se a mensagem mais importante. Por exemplo:
- “Do meu gato cuido eu”.
Pleonasmo
O pleonasmo certamente está entre as figuras de linguagem mais conhecidas. Portanto, é quando usa-se a repetição de um termo para enfatizar uma informação. Aliás, é muito comum em poemas e músicas.
- “A noite escura e vazia na cidade”.
Leia mais: Qual a diferença entre dispensa e despensa?
3 – As figuras de linguagem de pensamento
Figuras de linguagem de pensamento tem função trazer mais expressividade à comunicação de ideias. Portanto, usa-se metáforas e exemplos até fora do contexto para exemplificar a mensagem. Assim, os tipos são:
- Antítese;
- Paradoxo;
- Ironia;
- Personificação ou prosopopeia;
- Eufemismo;
- Litote;
- Gradação ou clímax;
- Hipérbole;
- Por fim, a apóstrofe.
A seguir, conheça um pouco mais sobre cada uma dessas figuras de linguagem e quando são aplicadas.
Antítese
Como seu próprio nome sugere, a antítese acontece quando há a aproximação de palavras contrárias, que possuem sentidos opostos. Por exemplo:
- ‘O calor e o frio andam de mãos dadas”.
Paradoxo é uma das figuras de linguagem de pensamento
O paradoxo, também conhecido por alguns como oxímoro, é a figura de linguagem expressa pelo uso de ideias contrárias e não apenas palavras como na antítese. Então, veja um exemplo:
- “Esse trabalho me mata e dá vida”.
Ironia
Não há dúvidas que a ironia é uma das figuras de linguagem mais conhecida. Portanto, ela se dá com o uso sarcástico e/ou malicioso de palavras para expressar um sentido oposto ao que se espera. Por exemplo:
- “Você é uma santinha mesmo!”.
Personificação é uma das figuras de linguagem de pensamento
Na personificação ou prosopopeia há a atribuição de ações, sentimentos ou qualidades humanas a seres irracionais, objetos ou coisas inanimadas. Então, um exemplo é:
- “O fogo gritou essa manhã”.
Eufemismo
O eufemismo é uma figura de linguagem usada para atenuar o sentido das palavras. Ou seja, suavizar discursos e falas. Por exemplo:
- “Minha avó foi para o céu”.
Litote é uma das figuras de linguagem de pensamento
Há quem confunda a litote com o eufemismo, afinal, também tem a intenção de atenuar a ideia do enunciado. Mas, isso acontece mediante a negação do contrário. Portanto, veja um exemplo:
- “A melancia não é uma fruta pequena”.
Gradação ou clímax
Seguindo as figuras de linguagem de pensamento há a gradação ou clímax. Ou seja, é quando os termos da frase tem uma hierarquia, que pode ser crescente ou decrescente (anticlímax). Por exemplo:
- “As pessoas chegaram ao jantar, sentaram, comeram e foram embora”;
- “Estava longe, hoje perto, agora aqui”.
Hipérbole é uma das figuras de linguagem de pensamento
A hipérbole ou auxese é baseada no exagero intencional por parte do locutor, seja para expressar um sentimento ou ressaltar uma mensagem. Então, veja um exemplo:
- “Falei com ele um milhão de vezes e nada adiantou”.
Apóstrofe
O apóstrofe é uma das figuras de linguagem mais simples de detectar, afinal, é quando há a invocação de alguém, com o uso de vocativo. Por exemplo:
- “Moça, você está com fome?”.
Leia mais: Qual a importância de aprender outro idioma?
4 – As figuras de linguagem de som/sentido ou harmonia
Para finalizar, o último tipo das figuras de linguagem é a de som/sentido ou harmonia. Ou seja, estão associadas com a sonoridade. Dessa forma, valorizam a expressividade da mensagem pelo som. Então, são elas:
- Aliteração;
- Assonância;
- Onomatopeia;
- Por fim, a paranomásia.
Confira a definição de cada uma e exemplos para ajudar a entender melhor as diferenças.
Aliteração
A aliteração ocorre quando há a repetição proposital de consoantes ou sílabas para expressar um som. Então, um bom exemplo é o poema de Manuel Bandeira:
- “Vou depressa/ Vou correndo / Vou na toda / Que só levo / Pouca gente / Pouca gente / Pouca gente”.
Assonância é uma das figuras de linguagem de som
Diferente da aliteração, ela acontece por meio da repetição de vogais para ter um acordo de sons, por exemplo:
- “Nunca vi jabuti, nem ali, nem aqui”.
Onomatopeia
A onomatopeia é uma das figuras de linguagem de som mais conhecidas. Assim, é caracterizada pela inserção de sons reais em uma mensagem. Dessa forma, conta com a imitação da sonoridade. Então, veja um exemplo:
- “O cachorro fez “auau” ”.
Paranomásia é uma das figuras de linguagem de som
Por fim, tem a paronomásia, que é o uso de palavras parecidas em grafia e som, mas com significado diferentes. Ou seja, são os famosos trocadilhos. Por exemplo:
- “Quem casa, quer casa”;
- “Os opostos se distraem, os dispostos se atraem”.
Leia mais: Qual a diferença entre poema e poesia?
Estude as figuras de linguagem
Agora que já conhece as principais figuras de linguagem pode estudá-las para garantir boas notas em provas. Aliás, aproveite e faça exercícios para ajudar na fixação.
Fonte: Toda Matéria, Português, Mundo Educação, Rock Content.