A história da civilização egípcia começou muito antes da escrita, da história dos seus deuses ou dos seus monumentos. Há evidências de pastoreio de gado no território do que agora é o deserto do Saara que datam de 8.000 AEC. Isso, assim como a descoberta de artefatos, apontam para uma civilização agrária na região nesse período.
Como a terra era ainda mais árida na época, nômades caçadores-coletores buscaram fontes d’água às margens do Rio Nilo, iniciando os assentamentos ali em torno de 6.000 AEC. A agricultura organizada se iniciou nesse período, e comunidades da cultura badariense começaram a se desenvolver ao longo do rio.
Outras culturas, como a semaineana e gerzeana, também se espalharam pela área, todas vindo a contribuir para o desenvolvimento do que se tornaria a civilização egípcia. A história escrita, então, começou entre 3.400 e 3.200 AEC, quando a escrita dos hieróglifos se desenvolveu com a cultura semaineana.
Em 3.500 AEC, a mumificação dos mortos era prática comum na cidade de Hieracômpolis, e grandes tumbas de pedra foram construídas em Abidos. Assim como ocorreu em outras partes do mundo, as comunidades agrárias se centralizaram e cresceram. Tornaram-se, assim, grandes centros urbanos.
A história da civilização egípcia
O Período Arcaico e o Velho Império
Na história da civilização egípcia, o Período Arcaico (3.150 – 2.613 AEC) marca a unificação dos reinos do sul e do norte sob o rei Menes, do Alto Egito. Ele conquistou o Baixo Egito em 3.118 ou 3.150 AEC.
Em nenhum período da história egípcia os deuses deixaram de desempenhar um papel integral no cotidiano dos egípcios. No período do Velho Império (2.613 – 2.181 AEC), a arquitetura honrando os deuses se desenvolveu num ritmo crescente. Nesse período, assim, os egípcios construíram alguns dos mais famosos dos seus monumentos, como as pirâmides e a Grande Esfinge de Gizé.
O rei Djoser, que reinou em torno de 2.670 AEc, construiu a primeira pirâmide de Saqqara, desenvolvida por seu arquiteto e médico Imotepe (2.667 – 2.600 AEC), que também escreveu alguns dos primeiros textos médicos. Esses textos descreviam mais de 200 doenças, e ainda argumentava que sua causa poderia ser natural, ao invés de algo enviado pelos deuses.
A grandeza das pirâmides de Gizé, com sua aparência brilhante na época, eram um testamento do poder e riqueza dos governantes do período. Além disso, demonstra a aptidão dos egípcios antigos para executarem grandes construções, que impressionam, até hoje, por sua engenhosidade arquitetônica.
Os monumentos egípcios faziam parte do trabalho estatal, não escravo, e trabalhadores habilidosos eram empregados nessas construções, sendo pagos por seu trabalho.
Os períodos intermediários e o Império Médio
O Primeiro Período Intermediário (2.181 – 2.040 AEC) na história da civilização egípcia viu um declínio do poder do governo central após o seu colapso. Distritos independentes com seus próprios governantes se espalharam, e dois grandes centros emergiram.
Hieracômpolis no Baixo Egito e Tebas no Alto Egito. Esses centros fundaram suas próprias dinastias. Finalmente, em 2.040 AEC, o rei de Tebas, Mentuhotep II derrotou as forças de Hieracômpolis, unificando o Egito sob o domínio de Tebas.
Essa estabilidade trouxe o Império Médio. Assim, inicia-se a “Era Clássica” do Antigo Egito, quando a arte e a cultura alcançaram novos picos, com Tebas se tornando a cidade mais importante e rica do país. Após doze dinastias, os hicsos, um povo estrangeiro, ganhou poder no Baixo Egito, transformando a dinastia de Tebas do Alto Egito quase num estado vassalo.
Esse período foi o Segundo Período Intermediário do Egito (1.782 – 1.570 AEC).
O Novo Império
Os egípcios realizaram muitas tentativas de expulsar os hicsos e subjugar os núbios, mas somente com o príncipe Amósis I, de Tebas, foi que unificaram o país outra vez. Amósis iniciou então o Novo Império, que viu grande prosperidade para o país, sob um governo central.
É aqui onde se origina, então, o termo “faraó” para os governantes. Além disso, muitos dos governantes egípcios mais conhecidos hoje governaram durante esse período. Bem como, diversos templos e tumbas, entre outras estruturas da arquitetura egípcia, também foram criadas ou aprimoradas nessa época.
Entre 1.504 – 1.492 AEC, o faraó Tutemés I expandiu as fronteiras do Egito para o Rio Eufrates ao norte, a Síria e Palestia ao leste e a Núbia ao sul. Ao seu reino seguiu-se o de Hatshepsut (1.479 – 1.458 AEC), que expandiu o comércio com outras nações. Seu reinado de 22 anos foi pacífico e próspero.
Transformações religiosas
Em 1.353 AEC, o faraó Amenófis IV assumiu o poder, mudando seu nome para Aquenáton, em referência à sua crença num único deus, Áton. Os egípcios acreditavam em muitos deuses, pois eram politeístas, e dentre esses deuses havia Osíris, Ísis, Set e Hathor.
O culto de Amon era tão forte que seus sacerdotes tinham quase tanto poder quanto o faraó. Então, Aquenáton e sua esposa, Nefertiti, renunciaram às crenças tradicionais e costumes do Egito, instituindo a nova religião, que reconhecia apenas um deus.
Isso reduziu o poder dos sacerdotes, e o faraó mudou a capital para Amarna. Nesse período, Amarna cresceu e os costumes politeístas foram banidos.
Ao reino de Aquenáton sucedeu-se o do seu filho, Tutancamon, o faraó mais famoso. Ele governou entre 1.336 e 1.327 AEC. Ao assumir, mudou o nome de Tutankhaten para Tutancamon, em reconhecimento ao antigo deus Amon.
Tutancamon restituiu os antigos costumes religiosos, removeu as referências do pai a uma única divindade e tornou Tebas a capital outra vez.
Declínio do Egito e Alexandre, o Grande
A riqueza do Egito atraiu a atenção dos Povos do Mar, que começaram a realizar incursões na costa do país. Assim como os hicsos, eles se tornaram uma ameaça à segurança egípcia. Entre 1.180 e 1.178 AEC, contudo, o faraó Ramsés III os derrotou.
No tempo da vigésima dinastia, porém, o governo egípcio enfraquecera devido ao poder e corrupção do clero. O país então se fragmentou outra vez, iniciando-se aí o Terceiro Período Intermediário (1.069 – 525 AEC), onde chegamos ao final da história da civilização egípcia.
O Egito foi seguidamente invadido pelos assírios, abandonados em seguida, em ruínas. Posteriormente, o país caiu diante os persas, permanecendo sob sua ocupação até a chegada de Alexandre, o Grande, em 332 AEC. Os egípcios receberam Alexandre como um libertador, e ele conquistou o país sem batalhas.
Após a morte de Alexandre teve início o Reino Ptolomaico (323-30 AEC), até que Cleópatra VII cometeu suicídio após suas forças serem derrotadas pelos romanos. O Egito então tornou-se província do Império Romano, depois do Império Bizantino, até ser conquistado pelos muçulmanos árabes em 646 AEC, caindo sob o domínio islâmico.
Fontes: Ancient Egypt – World History Encyclopedia e The 3 Kingdoms of Ancient Egypt | History Hit
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