História da Civilização Inca

história da civilização inca

Como ocorre com outros povos da América, a história da civilização inca deve ser distinguida dos seus mitos de origem. De acordo com a lenda, no início, o deus criador Viracocha veio do Oceano Pacífico, e ao chegar ao lago Titicaca, criou o sol e todos os grupos étnicos.

O deus enterrou esses primeiros povos, que depois retornaram como fontes e rochas. Foi o deus sol Inti que trouxe os incas, em específico, em Tiwanaku. Por isso, os incas se consideravam como os escolhidos, os “Filhos do Sol”. Assim, seu governante seria o representante de Inti no mundo material.

Noutra versão do mito, os primeiros incas surgiram de uma caverna sagrada, Tampu T’oqo, ou “A Casa das Janelas”. Ela, por sua vez, localizava-se em Pacariqtambo, a “Pousada da Madreugada”, ao sul de Cuzco. Os primeiros humanos foram Manco Capac e mama Oqllu (sua irmã e esposa). Três outros irmãos também nasceram, e juntos o grupo fundou sua civilização.

Ao derrotar o povo Chanca com a ajuda de guerreiros de pedra (pururaucas), os primeiros incas se assentaram no Vale de Cuzco. Então, Manco Capac, ao jogar uma vara de ouro no chão, estabeleceu ali a capital inca, Cuzco.

A história da civilização inca

As evidências arqueológicas, fonte mais concreta para a história da civilização inca, revelam que os primeiros assentamentos no Vale de Cuzco datam de 4.500 AEC, quando comunidades de caçadores coletores ocuparam a área. Contudo, Cuzco só se tornou um centro importante no início do Período Intermediário Tardio (1.000-1.400 EC).

Um processo de unificação regional começou ao final do século XIV, e a partir do século XV, com a chegada do grande líder inca Pachacuti Inca Yupanqui e a derrota de Chanca em 1438 EC, os incas começaram a expandir em busca de recursos, primeiro para o sul e em seguida noutras direções.

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Governante inca Atahualpa. Imagem: Mary Harrsch (tirada no Museu Ojai Valley. (CC BY-NC-SA)

Eventualmente, os incas construíram um império que se estendia pelos Andes, conquistando povos como os Lupaka, Colla, Chimor e Wanka no processo. Então, bem estabelecidos, instaurou-se um sistema nacional de impostos e administração, consolidando o poder de Cuzco.

A ascensão do Império Inca foi incrivelmente veloz. Em primeiro lugar, todos os falantes da língua inca quechua (ou Runasimi) receberam status privilegiado, e essa classe nobre dominou todos os papeis importantes dentro do império.

Credita-se a Thupa Inca Yupanqui (também conhecido como Topa Inca Yupanqui), sucessor de Pachacuti a partir de 1.471 AEC, a expansão do império em 4.000 km. Além disso, os próprios incas nomeavam o império como Tawantinsuyo, que significa “Terra dos Quatro Cantos”, ou “As Quatro Partes Reunidas”.

Bem como, consideravam Cuzco como o umbigo do mundo, e de lá irradiavam estradas e pontos sagrados para cada canto: Chinchayusu (norte), Antisuyu (leste), Collasuyu (sul) e Cuntisuyu (oeste).

Estendendo-se desde o Equador, Peru, norte do Chile, Bolívia, o planalto argentino e o sul da Colômbia, estendendo-se em 5.500 km do norte ao sul, 40.000 incas governaram um território imenso, lar de 10 milhões de súditos que falavam mais de 30 línguas diferentes.

A cidade de Cuzco

Cuzco se localizava como ponto importante entre dois impérios anteriores, o de Wari e outro baseado na cidade de Tiwanaku. Alguns pesquisadores apontam que uma das principais razões pelas quais os incas conseguiram expandir foi devido a infraestrutura já estar presente: sistemas hidráulicos e estradas foram deixados para trás pelos impérios anteriores.

A expansão do Império Inca começou quando o quarto imperador, Mayta Capac, assumiu, mas só ganhou impulsão no reino do oitavo imperador, Viracocha Inca. Viracocha iniciou a prática de manter guarnições militares nos territórios para manter a paz.

Contudo, a história inca oral registrada pelos espanhóis sugere que a expansão começou de fato durante o reino do imperador Pachacuti Inca Yupanqui, filho de Viracocha Inca, que reinou entre 1438 e 1471.

Pachacuti se tornou imperador após impedir uma invasão em Cuzco, travada pelo grupo rival dos Chancas. A invasão levara seu pai até um posto militar. Em sequência, Pachacuti trabalhou para expandir o território que os incas controlavam, estendendo sua influência além da região de Cuzco, como citamos anteriormente.

Os incas trabalhavam muito com a diplomacia, e tentavam fazer seus rivais se renderem de forma pacífica antes de partirem para a conquista militar.

A reconstrução de Cuzco

Pachacuti ordenou que a capital, Cuzco, fosse reconstruída e fortalecida. Além disso, exigiu que a cidade fosse destruída por completo, para ser reconstruída na forma de um puma. O animal se representaria em perfil, com os blocos residenciais da cidade formando o corpo, o complexo de templos na colina acima de Cuzco representando a cabeça e a confluência dos rios Tullu e Saphi representando a cauda.

Entre as pernas do puma se localizavam as duas grandes praças de Cuzco, onde as estradas para os quatro cantos do império, os suyus, convergiam, de acordo com TK McEwan em seu livro The Incas: New Perspectives (ABC-CLIO, 2006).

McEwan acrescenta que os plebeus não podiam residir na cidade, tendo que morar nos assentamentos em torno dela.

O colapso da civilização inca

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Vestígios de construções de pedra na antiga cidade inca de Machu Picchu, Peru. Imagem: Shutterstock

A história da civilização inca, assim como de outras civilizações, também teve o seu fim. O Império Inca se construiu na base da força, e, portanto, os governantes eram muito impopulares dentre os súditos, especialmente nos territórios do norte.

Os conquistadores espanhóis, assim, exploraram tal situação. Com a liderança de Francisco Pizarro, os espanhóis passaram as décadas intermediárias do século XVI se aproveitando de tal fraqueza.

O Império Inca, na verdade, ainda não alcançara sua maturidade quando teve que enfrentar seu maior desafio. As rebeliões eram abundantes, e os incas ocupavam-se com uma guerra no Equador, onde a segunda capital, Quito, se estabelecera. Além disso, eles foram atingidos por uma epidemia de doenças europeias, que se espalharam pela região muito mais rapidamente que as invasões dos europeus.

As doenças mataram entre 65-90% da população. A varíola matou o último governante, Wayna Qhapaq, em 1528 AEC, e dois dos seus filhos, Waskar e Atahualpa, que tinham lutado em uma guerra civil pelo controle do império quando os europeus chegaram.

Essa combinação de fatores – rebeliões, doenças e invasão – foi o que levou à queda do Império Inca e ao fim da história da civilização inca, uma das mais largas e ricas de toda a América.

Fontes: Inca CivilizationWorld History EncyclopediaThe Inca Empire | Live Science
Imagem: Pexels

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