Como foi a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial?

participação do brasil na segunda guerra mundial
O tenente-general do Exército dos EUA Jacob L. Devers (à direita), vice comandante aliado no Mediterrâneo, cumprimenta o major-general do Exército brasileiro João Batista Mascarenhas de Moraes, comandante-geral da 1ª Divisão da Força Expedicionária Brasileira em Nápoles, Itália, em 1944. Fonte da imagem: AFP

Como foi a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial? O dia 8 de maio de 2020 marcou o 75º aniversário desde o Dia da Vitória na Europa, durante a Segunda Guerra Mundial. Dali em diante o conflito se encaminharia para a sua conclusão, restando apenas a rendição do Japão.

Normalmente, quando se trata desse evento, é comum citarmos e lermos acerca das forças estadunidenses e europeias, especialmente as britânicas. Os esforços das tropas britânicas foram massivos, de fato, assim como o esforço da Commonwealth de maneira geral, com um comprometimento total das tropas canadenses, sul-africanas, australianas e neozelandesas.

Registros históricos da Resistência Francesa sob Charles de Gaulle, assim como das tropas polonesas, holandesas e gregas são mais raros. Ainda que os esforços e sacrifícios das forças europeias e norte-americanas em combater o Eixo tenham sido grandiosos, há de se considerar também a contribuição dos aliados sul-americanos na contenda.

Surpreendentemente, há poucos registros históricos de maior escala acerca do aliado mais próximo dos EUA na região: o Brasil.

A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial denota seu comprometimento, na época, da luta contra o fascismo. Isso forneceu um auxílio que os estadunidenses precisavam não apenas em termos práticos, mas até num sentido espiritual, incentivando a ideia de que se lutava por uma causa justa e correta, e que os Estados Unidos e o Canadá não estavam sozinhos no hemisfério ocidental na luta contra as forças brutais e opressoras que se disseminavam na Europa.

Saiba mais sobre a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial abaixo.

A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial

Após o ataque a Pearl Harbor, muitos dos parceiros dos Estados Unidos na América Latina responderam ao chamado por lealdade, prometendo ajuda à causa dos Aliados. Uma semana após o ataque japonês no Havaí, o Brasil quebrou sua postura de neutralidade acerca do Eixo. Foi aí onde iniciou-se a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial.

Essa nova aliança concordou em colaborar na preparação de medidas defensivas. A localização do Brasil foi crítica em sustentar os esforços dos Aliados na guerra.

Com esse objetivo e baseando-se na Declaração do Panamá de 1939, que identificava o nordeste do Brasil como ponto de defesa para as Américas, o Brasil e os Estados Unidos comprometeram-se a fortificar instalações militares, inclusive a Parnamirim Field, em Natal, localizada no estado do Rio Grande do Norte, servindo como ponto de apoio na linha de comunicação do atlântico.

Em 1942, o reabastecimento através do nordeste trans pacífico e transatlântico nas rotas para a Europa estavam sob grave ameaça devido à intervenção marítima do Eixo. Como resultado, a rota transatlântica sudeste, através do Parnamirim Field, nomeada pelo presidente estadunidense Franklin Roosevelt como Trampolim da Vitória, tornou-se a principal rota de reabastecimento para as campanhas aliadas no norte da África, Mediterrâneo e até mesmo na região da China e Índia.

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Getúlio Vargas (sentado à esquerda) e Franklin D. Roosevelt (sentado à direita), Rio de Janeiro, 1936. Imagem: Wikipedia

Quase imediatamente após o apoio do Brasil à causa dos Aliados, u-boats alemães começaram a atacar embarcações mercantes brasileiras no Atlântico. Em resposta, o Brasil declarou guerra às forças do Eixo, e em agosto de 1942 reuniu uma força expedicionária com 25.000 tropas.

Contudo, foi somente no verão de 1944 que o presidente Getúlio Vargas comprometeu a Força Expedicionária Brasileira (FEB) sob o comando do General João Batista Mascarenhas de Morais, para uma campanha italiana. A FEB participou no avanço dos Aliados através do norte da Itália, e continuou a combater forças alemãs pela região, com ação substancial através da Linha Gótica uma linha defensiva alemã.

A Força Expedicionária Brasileira, FEB

A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, além dos pontos estratégicos militares e rotas atlântica, também se deu com a participação direta de soldados brasileiros. Os ranks da FEB incluíam a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, uma esquadrilha de reconhecimento e um esquadrão de caças, todas como parte da recém-formada Força Aérea Brasileira (FAB).

Esses aviadores pioneiros do Brasil operaram conjuntamente com 350º Grupo de Caças dos EUA, conduzindo missões de reconhecimento e interdição através da Itália e do sul da Europa. A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial foi importante especialmente para os Aliados durante o avanço na Itália.

Para a FAB, a guerra foi como um batismo de fogo, com muitas das operações servindo como uma oportunidade de treinamento. A FAB contribuiu com cerca de 5% de todas as missões aéreas aliadas, respondendo pela destruição de 15% dos veículos inimigos, 28% das pontes, 36% dos depósitos de combustível do inimigo e 85% dos suprimentos de munição do inimigo.

Além disso, a interdição da FAB, em conjunto com as forças expedicionárias sob o General Mascarenhas de Morais, desempenhou um papel crítico em quebrar a contenda na Linha Gótica, com a vitória brasileira no Monte Castello.

Em abril de 1945, o general Mascarenhas de Morais dirigiu o engajamento brasileiro em Collecchio, impedindo a fuga das tropas alemãs através do Vale do Pó de recuar para o Reich. A rendição das forças alemãs na região, em 29 de abril de 1945 – em uma semana o general brasileiro capturou 1.500 veículos e peças de campo do Eixo, levando 14.700 prisioneiros – precipitou a capitulação total do Eixo na Itália três dias depois, em 2 de maio.

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Brasil reconhece estado de guerra contra Alemanha e Itália – Jornal do Brasil 23 de agosto de 1942. Imagem: Wikipedia

As contribuições da FEB, num momento em que a maior parte das forças aliadas se reuniam para uma invasão à Normandia, foram inestimáveis para continuar o avanço contra as tropas do Eixo na Itália, impedindo forças alemãs experientes de reforçar a estratégica Muralha do Atlântico, uma longa cadeia de defesa alemã de 2.000 milhas ao longo da costa norte da Europa.

Infelizmente, as façanhas da FEB e a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial não foram sem custo. As tropas brasileiras tiveram baixas durante a campanha, entre 1944 e 1945, numa estimativa de 2.300, ou 11% da sua força total. Além da campanha italiana, o Brasil também perdeu milhares de marinheiros e 36 embarcações durante a campanha atlântica.

O Brasil foi o único país da América do Sul a contribuir com tropas nas forças dos Aliados. Sua participação ajudou a formar a base de uma relação crescente, assim como para a união de uma frente de defesa mútua contra ameaças à região. Além disso, a fundação dessa cooperação militar se consolidou nas missões de pacificação das Nações Unidas, das quais o Brasil faz parte, contribuindo com mais de 50.000 tropas.

Fontes: Diálogo Américasibiblio

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