Quem foi Tiradentes?

Tiradentes

Saiba quem foi Tiradentes, uma das figuras históricas mais famosas do Brasil.

Dia 21 de abril. Um dos principais feriados do Brasil é celebrado nacionalmente, ano após ano. Todavia, muitos não conhecem o motivo de sua existência. Assim, o feriado é, na verdade, uma homenagem a um homem que viveu como rebelde, morreu como criminoso e entrou para a eternidade como um herói.

Por isso, este artigo irá explorar sua origem, história, movimento que fez parte e muito mais!

Quem foi Tiradentes?

Tiradentes
(Fonte: Wikimedia)

Antes de tudo, seu nome real é Joaquim José da Silva Xavier. Nascido no ano de 1746, em Fazenda do Pombal, uma pequena vila que hoje faz parte do município de Ritápolis, Minas Gerais, Joaquim foi o quarto filho de Domingos da Silva Santos e Antônia da Encarnação Xavier.

Seu pai, um português genuíno, era o que na época chamavam de “homem de posses”. Assim, possuía uma propriedade gigantesca, onde haviam plantações e até mesmo uma mina. Lamentavelmente, também haviam 35 escravos, algo bem comum em fazendas daquele tempo.

Logo aos 11 anos, Joaquim ficou orfão de ambos os pais e toda a riqueza foi perdida. Por isso, foi viver com o Tio Sebastião Ferreira Leitão, um dentista. Com o tio, aprendeu a profissão e assim ganhou seu tão conhecido apelido: Tiradentes.

Vida adulta de Tiradentes

Apesar do apelido famoso, Tiradentes não focou muito na profissão de dentista. Na verdade, ele trabalhava muito mais com reconhecimento de terrenos, ajudando a descobrir os recursos naturais de novas terras.

Também se alistou no exército, onde ajudou a explorar a região entre Minas Gerais e Rio de Janeiro, chegando até mesmo a prender famosos bandidos da região. Dessa forma, tornou-se um comandante de destacamento.

Entretanto, essa foi a única promoção que recebeu, o que causou um sentimento de insatisfação. Somado a isso, Tiradentes conheceu várias pessoas que não gostavam do governo português. Assim, já é possível notar um certo ar de revolta nascendo.

Em 1787, Tiradentes se afastou do exército. A partir daqui, ele trilharia um trágico caminho com dois destinos: a forca e a eternidade.

A inconfidência mineira

Inconfidência Mineira
(Fonte: Wikimedia)

Tiradentes, agora não mais um soldado, se aproximou ainda mais daquelas pessoas que criticavam a Metrópole. Em seu peito crescia um sentimento de desagrado, pois Portugal estava cada vez mais injusta com o Brasil. Assim, mesmo cobrando altos impostos dos cidadãos brasileiros, a Coroa Portuguesa resolveu estabelecer uma nova taxa em cima de todo minério coletado em Minas Gerais.

Isso foi a gota d’água. Muitos mineiros já estavam descontentes com toda essa cobrança, principalmente porque Portugal apenas coletava os impostos, mas nunca oferecia nada em troca e tão pouco cuidava de quem vivia na colônia.

Por isso, Joaquim José da Silva Xavier, em conjunto com outros homens como o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade e o poeta Tomás Antônio Gonzaga, marcaram uma revolta. Minas Gerais se levantaria, forte e valente, contra a tirania do seu dominador português.

Na teoria, era um ótimo plano, mas tudo deu errado.

O plano de Tiradentes fracassou

O plano da Inconfidência Minera era começar a revolta assim que o novo imposto fosse cobrado. Entretanto, antes mesmo disso, o governador da capitania de Minas Gerais resolveu por conta própria suspender a cobrança.

Mas isso não foi o pior. A Inconfidência Mineira foi traída. Assim, José Silvério dos Reis, Basílio de Brito e Inácio Correia, envolvidos na revolta, entregara todos os nomes e o plano, em troca do perdão de dividas que possuíam com o governo.

O horror maior sobrou para Tiradentes. Além de ser um dos cabeças da Incofidência, Tiradentes planejava assassinar o Governador e isso com certeza não ficaria impune. Sabendo disso, Tiradentes buscou se esconder no sótão da casa de um amigo, Domingo Fernandes da Cruz. Depois de alguns dias, pediu para um padre buscar informações sobre os outros membros do movimento.

Para azar total de Joaquim José, o padre perguntou justamente para um dos traidores: o próprio José Silvério, que não hesitou ao entregar o foragido para as garras do exército.

A captura e a sentença

Não apenas Tiradentes, mas vários integrantes da Inconfidência também foram presos. Assim, esperaram por três anos. Três longos anos em uma época em que as prisões eram ainda piores do que nos dias de hoje.

Dessa forma, o julgamento se dividiu em duas decisões: alguns sofreriam com o “degredo”, em que perderiam todos os seus bens e seriam expulsos da região; e outros seriam enforcados. A segunda sentença foi a que Tiradentes recebeu.

Entretanto, após uma carta pedindo perdão a rainha D. Maria I, quase todas as sentenças de morte foram convertidas para o “degredo”. Menos uma, justamente a sentença do símbolo da Inconfidência: Tiradentes. De todos, ele foi o único que recebeu a pena mais severa de todas.

A forca

Tiradentes morto
(Fonte: Wikimedia)

Era uma manhã quente de sábado, naquele 21 de abril de 1792. Os guardas chegaram até a cela, onde um homem magro, de cabelos e barbas desgrenhados, aguardava pelo seu destino inexorável. Joaquim José era um orfão, um ex-soldado e um conhecido dentista. Todavia, estava prestes a ganhar um dos cargos mais tristes e, ao mesmo tempo, admiráveis que um homem pode ter: mártir.

Mártir pois sua morte se tornou um simbolo de como o governo português era terrível e injusto, explorando o Brasil e seus habitantes. Assim, Tiradentes foi tirado da prisão e obrigado a caminhar pela cidade, em uma procissão em direção a forca.

O momento foi usado por Portugal como forma de mostrar seu poder, tendo a presença de vários soldados e diversos discursos. Entretanto, o efeito foi contrário: enquanto Tiradentes caminhava orgulhoso, o povo que o via sentia ainda mais ódio de seus opressores.

Finalmente, Tiradentes chegou a forca, onde foi executado. Depois, teve seu corpo mutilado e pedaços separados por vários cantos da cidade. Até mesmo sua casa foi destruída, com os soldados jogando sal no terreno para que nem mesmo grama voltasse a crescer por lá.

No fim, todos esses esforços tiveram efeito contrário. Joaquim José saiu da vida como um dos maiores homens que já viveu no Brasil, um verdadeiro símbolo de resistência e defesa da democracia.

Fontes: Biografia de Joaquim Silvério dos Reis. Dilva Frazão. Biografia. 28 de outubro de 2015.
Imagem destacada: Wikimedia Commons

Compartilhar