O Império Bizantino, também conhecido como Império Romano do Oriente, ou Bizâncio, existiu de 330 a 1453. Com sua capital em Constantinopla, fundada por Constantino I (r. 306-337), o império variou de tamanho através dos séculos. Teve territórios na Itália, Grécia, nos Balcãs, Levante, Ásia Menor e até no norte da África.
Bizâncio foi um estado cristão, tendo o grego como sua língua oficial. Os bizantinos desenvolveram seus próprios sistemas políticos, práticas religiosas, estilos artísticos e arquitetônicos. Assim ainda que tenham tido influência da tradição cultural greco-romana, eles se distinguiram dessa.
O Império Bizantino foi a potência medieval de maior duração, e sua influência continua ainda hoje, especialmente na religião, arte, arquitetura e leis de muitos estados ocidentais, orientais e centrais da Europa, assim como na Rússia.
Constantinopla
O início do Império Bizantino se dá com a decisão do imperador romano Constantino I de realocar a capital do Império Romano de Roma para Bizâncio, no dia 11 de maio de 330. Porém, o nome popular “Constantinopla”, ou “Cidade de Constantino”, logo substituiu a escolha do próprio imperador de “Nova Roma”.
A nova capital tinha um excelente porto natural na enseada do Corno de Ouro e, um estuário na fronteira entre a Europa e a Ásia, assim podendo controlar a passagem de embarcações do mar Egeu para o Mar Negro, ligando um comércio lucrativo entre o ocidente e o oriente.
Uma longa cadeia se estendeu através da entrada do Chifre de Ouro, e a construção das Muralhas de Constantinopla entre 410 e 413 significaram que a cidade era capaz de sustentar-se diante ataques tanto do mar como da terra. Ao longo dos séculos, os bizantinos desenvolveram outras construções espetaculares. A cidade cosmopolita se tornou uma das maiores da época, e sem dúvidas a mais rica, suntuosa e importante cidade cristã no mundo.
Imperadores bizantinos
O imperador bizantino, ou basileus residia no Grande Palácio de Constantinopla, governando como monarca absoluto de um vasto império. Dessa forma, o basileus precisava da assistência de um governo especializado, assim como uma burocracia eficiente. Ainda que fosse um governante absoluto, esperava-se que ele governasse de forma justa e sábia.
Além disso, o imperador também devia ter sucesso militar, e o exército foi uma das mais poderosas instituições bizantinas. Os generais de Constantinopla e as províncias podiam remover um imperador que falhasse em defender as fronteiras do império, ou trouxesse uma catástrofe econômica.
No curso normal dos eventos, o imperador era o comandante em chefe do exército, chefe da igreja e do governo, controlava as finanças estatais e apontava ou demitia os nobres como queria. Poucos governantes antes ou depois tiveram tamanho poder.
A imagem do imperador bizantino aparecia nas moedas, também usadas para exibir o sucessor escolhido. Frequentemente era o filho mais velho, mas não havia uma regra definida de sucessão. Acreditava-se que os imperadores eram escolhidos por Deus para governar, mas a coroa magnificente e os robes também contribuíam com sua presença marcante.
Outra estratégia de propaganda era copiar os nomes de reis predecessores de sucesso, especialmente Constantino. Mesmo usurpadores, comumente homens militares de sucesso e poder, frequentemente buscavam legitimar sua posição ao casar com membros dessas famílias predecessoras.
Assim, com uma continuidade orquestrada de dinastias, tradições, costumes e nomes, a instituição em torno do imperador conseguiu durar por doze séculos.
Sociedade bizantina
Os bizantinos davam muita importância ao nome da família, às riquezas herdadas e ao nascimento respeitoso de um indivíduo. Os indivíduos dos níveis mais altos da sociedade possuíam essas três coisas. A riqueza vinha da posse de terras ou da administração de terras sob a jurisdição de um administrador individual.
Contudo, não havia aristocracia de sangue na sociedade bizantina, e a patronagem e educação eram meios para ascender socialmente.
Além disso, o dispêndio de favores, terras e títulos por parte do imperador, assim como o rebaixamento indiscriminado e os riscos de invasões estrangeiras e guerras, tudo isso significava que os componentes da nobreza não eram estáticos. Assim, as famílias ascendiam e caíam ao longo dos séculos.
O uso de títulos, selos, insígnias, vestes específicas e joias distinguiam o ranking desses membros elitizados.
Nas classes baixas, as pessoas seguiam a profissão dos parentes em sua maioria, mas a herança, a acumulação de riquezas e a falta de uma proibição formal de mobilidade social forneceu uma pequena possibilidade de uma pessoa conseguir obter uma melhor posição social.
Havia trabalhadores com trabalhos melhores, que trabalhavam em questões legais, administração e comércio. Mais abaixo havia os artesãos e então os fazendeiros, que tinham suas próprias parcelas de terra. O maior grupo era o dos que trabalhavam nas terras de outros, e enfim os escravos, normalmente prisioneiros de guerra, mas nunca tão numerosos quanto os trabalhadores livres.
O papel das mulheres bizantinas, assim como dos homens, dependia do seu ranking social. Esperava-se que as mulheres da aristocracia cuidassem da casa e das crianças. Mesmo que pudessem ter propriedade, elas não assumiam papeis públicos, e passavam o tempo livre costurando, comprando, indo à igreja ou lendo (ainda que não tivessem educação formal).
Muitas mulheres trabalhavam, assim como homens, na agricultura, na indústria e nos serviços alimentícios. Elas podiam ter sua própria terra e negócios, e algumas também melhoravam sua condição social através do casamento. As profissões menos respeitadas eram as de atrizes e prostitutas.
A igreja no Império Bizantino
O politeísmo continuou sendo praticado durante séculos após a fundação de Bizâncio, mas foi o cristianismo que se tornou o fator definidor da cultura bizantina, afetando profundamente sua política, relações externas, arte e arquitetura.
Quem comandava a igreja era o Patriarca ou o bispo de Constantinopla, que era apontado ou removido pelo imperador. Bispos locais, que presidiam em cidades grandes e territórios adjacentes e que representavam a igreja o imperador, tinham consideráveis riquezas e poder em suas comunidades.
O cristianismo, então, se tornou um denominador comum, que ajudou a unir diferentes culturas num mesmo império. Incluía, assim, cristãos gregos, armênios, eslavos, georgianos e muitas outras minorias, assim como membros de outras fés, como judeus e muçulmanos, que tinham permissão para sua prática religiosa.
Fontes: Byzantine Empire – World History Encyclopedia e Byzantine Empire: Definition, Religion & Byzantium – HISTORY – HISTORY
Imagem: Hagia Sophia Research Team (CC BY-NC-SA)