O suicídio de Getúlio Vargas

suicídio de Getúlio Vargas

Getúlio Vargas surge no cenário nacional brasileiro em 1929. Exatamente no ano da grande crise econômica causada pela queda da Bolsa de Nova Iorque. No Brasil acontecia o fim da República do Café com Leite.

Vargas ficou marcado pelo caráter centralizador e o populismo. Era venerado pela maior parte da população. Por isso ficou conhecido como “Pai dos Pobres”. Mas, tinha muitos inimigos e somava ações controversas.

O fato é que Getúlio Vargas constitui uma biografia muito importante no período da República do Brasil. Cumprindo, assim, o que escreveu em sua “Carta Testamento” quando suicidou-se: “Saio da vida para entrar na história”.

O suicídio de Vargas é um fato histórico provocou muitas consequências políticas. Por isso neste texto recordamos esse acontecimento à luz da biografia de Getúlio. Além de apontarmos para as suas principais consequências.

Quem foi Getúlio Vargas?

Getúlio Dornelles Vargas nasceu em São Borja, no Rio Grande do Sul, aos 19 de abril de 1882. Portanto, gaúcho de nascimento, era filho de  Manoel do Nascimento Vargas e  Cândida Dornelles Vargas.

Sua família era rica e exerce uma notável presença política em todo Estado do Rio Grande do Sul. Ou seja, a vocação de político estava no seu DNA. Aos 16 anos tentou a carreira militar ao ingressar no Exército em São Borja, mas foi expulso aos 18.

Em 1903, tentou novamente a carreira militar, mas desistiu no mesmo ano. Assim, em 1904 entra para a faculdade de Direito e ali começa sua entrada efetiva na política. Aos 28 anos, casou-se com Darcy Lima Sarmanho. Com ele teria 5 filhos.

Os primeiros passos na política

Na Faculdade de Direito, Vargas fez parte do grupo Castilhista. Isso o levou a filiar-se no Partido Republicano. Nessa época o PR elegeu Carlos Barbosa Gonçalves para Presidente (mesmo cargo de governador atualmente) do Estado gaúcho.

Em 1908, ele tornou-se deputado estadual pelo Partido Republicano. Para alcançar esse primeiro feito, teve Borges de Medeiros como padrinho político. Antes de tomar posse, teve que deixar o cargo de segundo promotor do Tribunal de Porto Alegre. 

Ao ser reeleito para o segundo mandato, Getúlio renunciou ao cargo por divergências no partido. Mas, em 1917, voltou ao páreo e elegeu-se deputado estadual novamente. Em 1922 ele deixou o parlamento estadual para ser representante na Câmara Federal.

Getúlio Vargas no Rio de Janeiro

Na Capital Federal seguiu exercendo seu mandato. Somente em 1923 teve de voltar ao Rio Grande do Sul em função da Guerra Civil no Estado. Mas não esteve em combate, mesmo exercendo a função de Tenente Coronel.

Em 1926 Artur Bernardes deixa a presidência e quem assume é Washington Luís. Assim, com o novo governo, Getúlio tornou-se o Ministro da Fazenda. Isto é, responsável pela economia.

Getúlio Vargas deixou o Rio de Janeiro em 1928, quando se elegeu presidente do Estado do Rio Grande do Sul.

Como Getúlio Vargas chegou à presidência de Vargas à presidência do Brasil?

O caminho de Getúlio para chegar à presidência começa em 1930. Ou seja, quando Washington Luís rompe com o acordo de sucessão. Ação que inicia a chamada Revolução de 1930.

O Presidente Washington decidiu não indicar um sucessor mineiro. Ao contrário, promoveu o nome do paulista Júlio Prestes. Por isso os políticos de Minas se aliaram aos gaúchos e lançaram Getúlio Vargas como candidato.

Vargas concorreu pela Aliança Liberal e perdeu as eleições. Mas, o partido inicia uma revolta contra o governo. Pois João Pessoa, que era vice na chapa de Getúlio, foi assassinado em Recife.

Em meio a crise, Washington Luís renuncia. Ao passo que Júlio Prestes não é admitido à posse. Assim formou-se um governo provisório ao qual Vargas recebeu a nomeação como presidente.

1930 a 1934: o governo provisório

O intuito do governo provisório seria apenas o de preparar uma constituinte. Mas o pensamento de Vargas não se harmonizava com essa ideia. Ele centralizou as decisões em suas mãos e retardou o processo para uma nova constituição.

Vargas exerceu uma política com intuito de enfraquecer o poder regional. Porém enfrenta resistência, como a revolta dos paulistas em 1932. Com sua habilidade política convocou eleições para a Constituinte de 1934 e foi eleito indiretamente para mais 4 anos na presidência.

1934 a 1937: o governo constitucional

A expectativa para um governo democrático perdeu o rumo nesse período. Pois a conjuntura política levou Getúlio a centralizar mais o poder em suas mãos. Mesmo com a aprovação da constituição.

Para enfrentar seus inimigos políticos e os movimentos contrários, ele governou com maior autoridade. Assim, valendo-se de uma suposta ameaça comunista, ele consegue cancelar as eleições de 1938. 

Inicia-se o Estado Novo e Getúlio continua presidente por tempo indeterminado. Ou seja, como não poderia ser candidato nas eleições, ele a anula para manter-se no cargo.

1938 a 1945: O Estado Novo

Nesse período, Vargas instituiu a ditadura no país e governou com total apoio do exército. Assim aboliu qualquer tipo de oposição. Além de instituir a censura ao criar o Departamento de Imprensa e Propaganda. 

Além da política pendular promovida em relação à Segunda Guerra Mundial, Vargas se distanciou do exército. Sem esse importante apoio, renunciou ao cargo em 1945. Ao sair, ele apoiou a eleição de Eurico Gaspar Dutra e elegeu-se Senador pelo Rio Grande do Sul.

Getúlio Vargas volta pelos braços do povo

Em 1950, com 49% dos votos, Getúlio Vargas é eleito presidente. Mas dessa vez promoveu uma política de governo dentro dos limites democráticos. Assim ele teve que enfrentar uma forte oposição da UDN (União Democrática Nacional).

Para se sustentar no governo, ele se aproximou dos trabalhadores. Assim, além de promover um Estado Nacionalista. Porém não tinha respaldo no congresso e seu mandato estava enfraquecido. 

O fim da linha para Vargas foi o atentado contra o seu opositor, Carlos Lacerda. Pois descobriu que o mandante era o chefe de segurança do Palácio da Guanabara. Sua saída era a renúncia, mas Getúlio escolheu outro caminho para entrar na história.

A saída da vida

Na madrugada do dia 24 de agosto de 1954, surge a notícia de que Getúlio entregaria o cargo. Inclusive, seu vice-presidente, Café Filho, estaria a par da decisão. Houve grande comemoração entre os opositores.

Notícias corriam de que o Palácio do Catete estaria entrincheirado. Ao mesmo tempo Getúlio redigia a sua carta de despedida. E, antes de levar o golpe fatal da renúncia. Vargas fere os seus opositores dando um tiro em seu próprio peito. 

A notícia da morte do presidente levou a população para as ruas. Havia muitas lágrimas pelo “Pai dos Pobres”, logo após o jovem locutor Léo Batista dar a notícia pela rádio Globo. Pois, a seu modo, o ex-ditador conquistou a população e seu cortejo foi uma dos mais comoventes já registrados. 

A entrada na História

Todas as rádios repercutiram o fato lendo a “Carta Testamento”. Isso provocou a ira da população contra os opositores e militares. Inclusive Lacerda teve que fugir do país. Pois era considerado o grande responsável pelo fim de Vargas.

As pessoas revoltadas, saíram pelas ruas quebrando bancas e patrimônios. invadiram a sede da “Tribuna de Imprensa”. Ao mesmo tempo em que quebravam os carros do jornal “O Globo”, manifestando tristeza em forma de raiva.

O suicídio de Vargas tem inúmeras repercussões na História do Brasil. Uma delas foi o fato de retardar o Golpe Militar em 10 anos. O legado de Getúlio foi a aproximação em relação ao povo. 

De uma forma inusitada e peculiar. Getúlio Vargas saiu da vida e entrou na história.

Fonte da imagem: fflch

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