Qual o planeta mais frio do Sistema Solar?

planeta mais frio do sistema solar

Qual seria o planeta mais frio do Sistema Solar? Aqui na Terra, a 149 milhões de km do Sol, estamos a uma distância que fornece a temperatura perfeita para a vida. Isso porque, é o Sol quem aquece os planetas do sistema.

Pensando assim, poderíamos acreditar que o planeta mais frio do sistema solar é Netuno, o mais distante de todos. Netuno está a 4,5 bilhões de km de distância da nossa estrela.

Contudo, o planeta mais frio não é Netuno, e sim Urano – mesmo estando a 2,8 bilhões de km do Sol, mais próximo do que seu vizinho. Urano tem o recorde da temperatura mais fria que a NASA já registrou no sistema: menos 224 graus Celsius. Mas Netuno também é frio: menos 214 graus Celsius.

O planeta mais frio do Sistema Solar

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Imagem capturada pela Voyager 2, sonda da NASA, em 1985. Imagem: NASA/JPL-Caltech

A razão pela qual Urano é o planeta mais frio do sistema solar não tem nada a ver com a sua distância. Há bilhões de anos, algo imenso atingiu o planeta com tanta força que ele se inclinou, rolando em sua própria órbita. Diferentemente dos outros planetas, que rolam de lado, Urano rola de cima pra baixo.

Além disso, o impacto também fez com que parte do calor preso no planeta escapasse.

O calor no interior dos planetas lá permanece quando eles se formam. Os planetas nascem quando pequenos pedaços de rocha se reúnem, chocando-se uns nos outros, construindo o planeta pedaço por pedaço ao longo de milhões de anos. Assim, toda vez que essas rochas se esmagam umas nas outras, o planeta ganha um pouco mais de calor.

Netuno não foi atingido por um grande asteroide da mesma forma que Urano, então conseguiu reter uma maior parte do seu calor.

Com o ângulo excêntrico de Urano, a sua linha equatorial fica a 97.77 graus de inclinação. Por quase um quarto de cada ano uraniano (que dura 87 anos terrestres), o Sol brilha diretamente sobre os polos, enquanto o resto do planeta mergulha num inverno sombrio.

A atmosfera gelada de Urano

Diferentemente de Vênus, onde o clima é quase infernal, Netuno e Urano, cuja descoberta se deu em 1781, são conhecidos como “gigantes de gelo”. Saturno e Júpiter, por sua vez, são os gigantes gasosos. Tanto Netuno como Urano possuem atmosferas frias, feitas de gelo, ao invés de gás.

A composição do planeta mais frio do sistema solar é predominantemente de hidrogênio, hélio e metano – o metano reflete a luz azul, dando a Urano a coloração que vemos do espaço.

A temperatura e pressão aumentam A temperatura e a pressão aumentam mais longe da superfície insubstancial (como a maioria dos gigantes gasosos, a superfície de Urano é definida onde a pressão do gás é igual à pressão ao nível do mar na Terra).

A temperatura média das nuvens de Urano – compostas de amônia e gelo de metano – é de menos 193 degraus Celsius.

O calor interno de Urano

Diferenciando-se de outros gigantes gasosos, Urano possivelmente tem um núcleo rochoso, não gasoso. As temperaturas lá, assim, devem alcançar 4.982 graus Celsius, segundo a NASA. Ainda que isso seja quente quando comparamos com a atmosfera gelada do planeta, o núcleo de Urano ainda é frio quando se leva os núcleos de outros planetas em consideração. A temperatura no núcleo de Júpiter, por exemplo, é de 24.000 graus Celsius.

Pouco do calor interno de Urano se radia para o espaço. De acordo com sondas da NASA, o gigante de gelo tem uma fonte de calor interno fraca. Os detectores da sonda Voyager 2 registraram que Urano radia quase a mesma quantidade de energia que recebe do Sol.

Em comparação, Júpiter e Saturno produzem calor interno e radiação quase no dobro da energia que recebem da nossa estrela. A falta de calor interno em Urano, assim, é considerada como a razão pela atmosfera relativamente benigna e inativa do planeta.

Estrutura de Urano

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Imagem de Urano capturada em 2003 pelo telescópio Hubble. Imagem: NASA, ESA e M. Showalter (SETI Institute)

A estrutura de Urano consiste em três camadas: um núcleo rochoso de silicato/ferro-níquel no centro, um manto de gelo no meio e um envoltório gasoso de hidrogênio/hélio por fora, a atmosfera.

Estima-se que a massa do núcleo é de 0.55% a massa terrestre, com um raio de menos de 20% do resto do planeta. O manto compreende a maior parte, com massa correspondente a 13.4 vezes a da Terra. A atmosfera é relativamente insubstancial, medindo metade da massa terrestre, formando os outros 20% do raio do planeta.

O que chamamos de manto de gelo na verdade não é feito de gelo no sentido convencional, e sim de um fluido quente e denso consistindo em água, amônia e outras substâncias voláteis.

É possível que a temperatura extrema e a pressão condensem os átomos de carbono em cristais de diamante, ocasionando chuvas de diamantes no planeta. A principal diferença entre as duplas de Urano e Netuno e Saturno e Júpiter, é que o gelo é predominante, daí a sua classificação em “gigantes de gelo”.

Acredita-se que os gigantes de gelo tenham oceanos líquidos, enquanto os gigantes gasosos são feitos de 85% de gás.

Medindo temperaturas no espaço

Para planetas próximos, como Marte, é possível enviar sondas para estudar a atmosfera diretamente na superfície do planeta. Contudo, não é possível fazer isso com planetas distantes, como Netuno e Urano.

Ao invés disso, precisamos medir sua temperatura a partir daqui, da Terra. Fazemos isso ao estudar a luz o planeta, o que pode nos informar acerca dos tipos de átomos e moléculas que compõem sua atmosfera. Essa informação nos permite saber com precisão qual a temperatura do planeta: os átomos e moléculas agem como um tipo de “impressão digital” do planeta.

Mas ainda que esses planetas sejam incrivelmente frios, existem outros ainda mais frios no universo. O mais frio de todos é a Nebulosa do Bumerangue, uma nuvem de poeira e gás a 5000 anos luz da Terra. Lá, a temperatura alcança menos 272 graus Celsius.

Nada no universo é mais frio do que menos 273 graus Celsius, pois a temperatura que partículas pequenas e átomos dos quais tudo é feito basicamente param de se mover. Quando isso acontece, é impossível resfriar mais ainda. Essa temperatura é conhecida como o “zero absoluto”.

Isso significa, portanto, que nós provavelmente nunca encontraremos algo mais frio que a Nebulosa do Bumerangue no universo.

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