A pergunta “qual o planeta mais quente do Sistema Solar” tem uma resposta simples: Vênus. Vênus é o segundo planeta em distância do Sol, sendo também o mais brilhante e mais quente.
As observações de Vênus no espaço demonstram um local muito intenso. Isso dificulta sua observação próxima, porque as espaçonaves não sobrevivem em sua superfície.
O planeta, além disso, recebe o nome da deusa romana do amor e da beleza. Isso possivelmente ocorreu porque era o ponto que mais brilhava no céu, dentre os cinco planetas conhecidos pelos astrônomos antigos. Nesses tempos, pensava-se com frequência que Vênus na verdade eram duas estrelas, uma que aparecia à tarde e outra durante o dia.
Essas “estrelas” chamavam-se Estrela Vésper e Estrela D’alva, respectivamente. Hoje, sabemos que é um planeta.
Uma característica interessante de Vênus é que ele toma 243 dias terrestres para girar em torno do próprio eixo, sendo a velocidade mais lenta dentre os planetas maiores. Um dia em Vênus é mais longo que um ano, pois o planeta leva 225 dias para dar uma volta em torno do Sol.
Isso pode ocorrer devido à atmosfera densa, que serve como um freio à rotação do planeta.
O planeta mais quente do sistema solar: Vênus
Vênus é altamente visível da Terra devido às suas nuvens refletoras. Assim, no céu, Vênus aparece como um objeto branco e brilhante, um dos mais brilhantes no céu noturno. Sua magnitude máxima, ou brilho aparente, é próxima a -5, de acordo com a NASA. Em comparação, a da lua é -14.
De perto, a NASA diz que a coloração de Vênus é “enferrujada”. Mas não o mesmo tipo de ferrugem vermelha que vemos em Marte, por exemplo. Ao invés disso, as imagens da NASA, assim como outras tiradas ao longo do tempo, sugerem um mundo com tons de vermelho, marrom e amarelo.
A Universidade Cornell sugere que essas cores vêm do número de rochas vulcânicas que pontilham a superfície. Vênus é um mundo com muita atividade.
Todavia, é impossível ver a cor “real” de Vênus a partir da órbita, devido às nuvens de ácido sulfúrico que envolvem o planeta. Assim, as imagens de Vênus só são visíveis se um satélite em órbita tiver a habilidade de atravessar essas nuvens, que são espessas.
Para que um humano explore a superfície, seria necessário descer e sobreviver a temperaturas e pressões muito altas. Esse ambiente hostil significa que, pelo menos até então, somente robôs podem ser usados na exploração do planeta mais quente do sistema solar.
A órbita de Vênus é elíptica, assim como a dos outros planetas, do Sol e da lua. Isso não é uma coincidência, e remonta à orientação geral do nosso sistema solar, que funciona de acordo com a maneira que ele se formou. Na prática, quando Vênus se aproxima de outros mundos, conjunções ou encontros celestes são comuns no céu. Por isso que, várias vezes ao ano, vemos Vênus alinhada com a lua, ou até com outros planetas.
Vênus: tamanho, composição e temperatura
Às vezes se aponta Vênus e a Terra como gêmeos, pois são planetas semelhantes em tamanho, massa, densidade, composição e gravidade. Vênus é só um pouco menor que nosso planeta, com cerca de 80% da massa da Terra.
Diferentemente de Júpiter e Saturno, Vênus não é um planeta gasoso, e sim rochoso. Assim, seu interior é feito de um núcleo metálico de ferro, com 6.000 km de diâmetro. O manto derretido de rocha de Vênus tem 3.000 km de espessura. A crosta, por sua vez, é de basalto em sua maior parte, com média de 10 a 20 km de espessura.
É difícil dizer o motivo de Vênus ser o planeta mais quente do sistema solar. Mesmo não sendo o planeta mais próximo do Sol, sua atmosfera densa retém muito calor, como numa versão bem mais intensa do efeito estufa que vemos na Terra com o aquecimento global.
Como resultado, as temperaturas de Vênus atingem até 471 graus Celsius, mais do que o suficiente para derreter chumbo. As espaçonaves, por isso, sobrevivem poucas horas depois de aterrissarem no planeta.
Com temperaturas escaldantes, Vênus possui também uma atmosfera infernal, feita principalmente de dióxido de carbono, com nuvens de ácido sulfúrico e alguns traços de água. A atmosfera de Vênus, além disso, é mais pesada que a de qualquer outro planeta. Assim, a pressão na superfície é 90 vezes a da Terra, semelhante à pressão que existe a 1.000 m de profundidade no oceano.
A superfície venusiana
A superfície de Vênus é extremamente seca. Durante a evolução do planeta, os raios ultravioleta do Sol fizeram a água evaporar rapidamente, mantendo Vênus num estado prolongado de fusão.
Quase dois terços da superfície de Vênus é coberta por planícies lisas, maculadas por milhares de vulcões, alguns ativos ainda hoje. Esses vulcões variam entre 0.8 e 240 km de diâmetro, com a lava cavando canais longos, alguns com mais de 5.000 km de comprimento.
Seis regiões montanhosas formam um terço da superfície de Vênus. Uma delas, que se chama Maxwell, tem 870 km e alcança 11.3 km de altura, sendo o ponto mais alto do planeta.
Além disso, Vênus também possui várias composições em sua superfície que não encontramos na Terra. Vênus possui coronas, ou coroas, estruturas em forma de anel que variam de 155 a 2.100 km de diâmetro. Os cientistas acreditam que elas se formaram quando o material quente sob a crosta do planeta subiu, modificando a superfície.
Vênus também tem tesselas, ou telhas – áreas elevadas nas quais muitas cristas e vales se formaram em diferentes direções.
O planeta mais quente do sistema solar não possui luas, algo raro nas proximidades cósmicas. O único outro planeta sem luas no sistema é Mercúrio, que é o mais próximo do Sol. Os cientistas ainda não sabem exatamente por que alguns planetas têm luas e outros não.
O que conseguem dizer é que cada planeta tem uma história única e complexa, e que essa história pode contribuir com a formação (ou ausência) de luas, como no caso de Vênus.
Fontes: Venus: The scorching second planet from the sun | Space — What is the hottest planet? Hottest in our solar system and universe. (usatoday.com)
Imagem: Pixabay