Quando o mundo vai acabar?

Quando o mundo vai acabar? 1

Saber quando o mundo vai acabar é a pergunta de um milhão para boa parte da humanidade. Afinal, os temores e mesmo algumas esperanças têm sido alimentados por séculos sobre essa expectativa. Mas, afinal de contas, quanto há de realismo em esperar que o mundo vai acabar?

Não é de se estranhar que essa dúvida atormente muitos. Pois é ela que serviria de desfecho para a grande história da humanidade. Não à toa tem sido um dos assuntos principais das grandes religiões ao longo de milênios.

Por outro lado, a ciência também se dispôs a resolver esse enigma e dar estimativas mais prováveis sobre o assunto. Assim, conhecimentos como a astrofísica tem se ocupado de dar uma resposta a altura.

Aqui traremos as abordagens que a mitologia, a religião e a ciência dão para essa questão de apelo universal. Com isso, vemos que saber quando o mundo vai acabar não é uma pergunta com uma resposta fácil e única.

Saber quando o mundo vai acabar é algo que as igrejas cristãs tem esperado a séculos.
Gravura que representa o fim do mundo de acordo com o cristianismo. (Imagem: Wikimedia Commons)

História com fim

Começar pela abordagem religiosa é um bom ponto de partida para entender a pergunta de quando o mundo vai acabar. Afinal, são através de suas crenças e dogmas que essa pergunta intriga a maioria das pessoas. Entretanto, abordaremos esse assunto sob uma perspectiva laica, ou seja, sem compromisso com a narrativa dessas religiões.

Ponto de não retorno

Quando de trata das abordagens religiosas do fim do mundo, é obrigatório falar do conceito de escatologia. É a concepção de uma certa comunidade que vislumbra o fim da sua história ou da humanidade como um todo. Se trata de uma perspectiva de finitude que é fundamental na cosmologia de antigas mitologias e das religiões monoteístas.

De acordo com o historiador francês Jacques LeGoff, a escatologia é algo que convém mais a profecia do que a narração. O motivo é exatamente por se tratar de uma previsão do futuro, ao invés de contar algum acontecimento do passado. Se funda assim mais em especulações e com um amparo mais no divino do que no factual.

Se Deus quiser…

Apesar de não ter essência histórica, a existência de escatologias é fundamental para os discursos religiosos. O motivo é que a expectativa do fim é algo que completa o sentido da experiência de fé. A eliminação profética do mundo como conhecemos é assim algo que justifica a integração no imaginário de certa comunidade.

Portanto, o fim do mundo é o fim da história. E então quem partilha de uma concepção escatológica específica acredita que sabe de uma verdade que irá se destacar no momento final. Algo que faz com que o temor do fim do mundo virá um misto com esperança. Assim como a vida após a morte, o fim do mundo vira um novo começo.

Ainda esperando

Mas assim como as religiões clássicas por si só, as perspectivas escatológicas sofreram certa crise com a modernidade. Um mundo mais desencantado contribuiu para a percepção de que o fim não virá. Pelo menos não como o dizem as religiões. Algo que forçou muitas crenças a revisarem suas concepções escatológicas.

Ainda assim, há quem perceba o contrário e veja na modernidade a confirmação de certas expectativas proféticas. Tem sido notável o surgimento de grupos religiosos que inclusive tentam até estabelecer uma data para o fim dos tempos. Para não falar de novas religiões contemporâneas que criam escatologias próprias.

Imagem do sol em suas atividades
A ciência espera que a terra seja engolida pelo sol daqui a uns bilhões de anos. (Imagem: Pxhere)

O fim do mundo de acordo com a ciência

Enfim, o apelo ao fim é algo recorrente nas narrativas religiosas, quando não necessário. Mas a despeito das crenças de cada um, ainda há de ser uma dimensão factual de quando o mundo vai acabar.  A questão acaba assim também preocupando à ciência. Algo que veremos com mais detalhes abaixo.

De uma bola de fogo para uma bola de fogo

Algo que é consensual entre os cientistas é que planetas têm um ciclo de vida. Um planeta começa como uma massa disforme, se forma em seu molde normal e é engolido pelo sistema solar.  Assim como uma pessoa começa como um bebê, se desenvolve em um adulto e morre idoso.

Assim, a origem e o fim de um planeta são estritamente ligados às condições da estrela em que órbita. Se pode dizer que um planeta como a Terra nasce como uma bola de fogo e morre na mesma condição. Mas o primeiro momento é um calor original, que vai moldando o planeta. Já o fim é o indicativo de um planeta sendo assimilado pelo sol.

Bem mais tempo do que o esperado

Quando olhamos para as escatologias religiosas, a expectativa é que o fim ocorra em breve. Por exemplo, na história do cristianismo, é tradição a espera de que o mundo acabaria em um milênio. Quando não naquele milênio, no próximo, e assim vai até que o apocalipse aconteça.

Mas se for contar com a ciência para estimar uma data para o fim é hora de esperar sentado. Astrônomos estimam que o tempo de vida do planeta é de 4,5 bilhões de anos. Mas para o desaparecimento da vida na Terra ainda deve levar um bilhão de anos. Essas medidas fazem o tradicional milênio parecer coisa de criança.

É o fim do mundo… e eu estou bem!

Então, o tempo de vida natural deste planeta ainda está longe do fim. O mesmo se pode dizer quanto ao momento do planeta ficar inabitável. Assim, considerando uma estimativa laica, não temos que nos preocupar com o fim. Porém, mesmo assim as coisas são mais complexas. E é exatamente o ser humano quem acaba complicando tudo.

Afinal, o que não falta atualmente são situações de calamidade que deixem o mundo parecido com o apocalipse. Algo que diz em especial sobre o problema das mudanças climáticas e o peso do fator humano nisso. Isso conforme as situações leves as mais catástrofes naturais e coloque espécies animais a beira da extinção.

Conclusão

A dúvida sobre quando o mundo vai acabar é algo que tem intrigado a humanidade desde sempre. Algo cuja resposta foi assim tão essencial para as religiões e mitologias quanto a crença em divindades. Também tem assim atraído o conhecimento científico que traça estimativas mais realistas sobre o assunto.

Ainda assim, o fim do mundo continua como uma angústia presente no imaginário de milhões. Conforme os tempos modernos vão deixando cada vez mais pessoas desoladas, muitos se apegam ao apocalipse como algo pelo qual acreditar. Ao mesmo tempo, as inconsequências da ação humana deixam o mundo mais parecido com um cenário de fim.  

Fontes: Jacques LeGoffScienceUniversidade de Washington
Imagem: Public Domain Pictures

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