O raio globular ou raio bola é um fenômeno atmosférico muito confundido com atividades paranormais ou aparições de OVNIs e que, por ser raro, ainda não foi completamente explicado.
Neste artigo, você vai conferir diversos pontos relacionados ao raio globular e um vídeo real de uma aparição sua. Acompanhe!
O que é o raio globular?
O raio globular ou raio bola, como também é conhecido, trata-se de um fenômeno atmosférico raro que consiste em uma descarga elétrica atmosférica na forma de uma esfera luminosa, daí o seu nome.
Diferentemente dos relâmpagos comuns, que propagam-se de forma linear entre a nuvem e o solo ou entre as nuvens, o raio globular conta com uma forma compacta e viaja de forma errática (e lenta, muitas vezes) pelo ar.
Essas esferas luminosas variam bastante em tamanho, saindo de alguns centímetros até vários metros de diâmetro, com sua coloração podendo ser branca, azul, vermelha, amarela ou laranja, a depender da composição atmosférica, energia liberada durante a descarga, dentre outros fatores.
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Raio bola existe mesmo?
É um fenômeno tão raro e complexo que as dúvidas se o raio bola existe de fato ou não são muito frequentes.
Embora sua existência não fosse cientificamente aceita (por boa parte dos estudiosos da área) até 1960, trata-se sim de algo real, apesar de muito difícil de ser presenciado.
Importante: Desde já, vale a pena deixar claro que boa parte dos vídeos disponíveis na internet são fakes
Propriedades e perigos do raio globular
Dentro de um contexto geral, os raios bola se diferenciam não apenas por seu formato esférico.
Eles podem entrar dentro de casas e aviões, por exemplo, atravessar vidros e “caminhar” pela área antes de desaparecer.
Lembrando que pouco se sabe sobre os perigos que o raio globular oferece, o que se tem certeza é que nem de longe se comparam aos efeitos de um raio nuvem-solo (devido sua descarga elétrica intensa).
Como se forma o raio bola?
Sua raridade e consequente dificuldade de observação leva a uma falta de consenso quanto às causas do raio globular.
Uma das possibilidades mais aceitas é que trata-se simplesmente de um fenômeno elétrico que acaba ocorrendo da atmosfera, sobretudo durante tempestades.
Outros teóricos acreditam que ele ocorra depois que um outro raio comum atinja o solo, o que acabaria gerando e transferindo íons para o ar, possibilitando sua formação.
Como não há estudos concretos quanto a isso, é provável que possam existir também tipos diferentes de raios bola, com causas distintas.
Outras possíveis explicações conhecidas são o ar ou gás se comportando de uma forma anormal; algum fenômeno de plasma de alta densidade; a radiação de micro-ondas que fica aprisionada dentro de uma bolha de plasma; ou um vórtice de ar que contêm gases luminosos.
Aparições do raio globular ao longo da história e confusão com os OVNIs
Embora sua aceitação científica seja recente, relatos sobre aparições dos raios bola ao redor do mundo são bem antigos.
Uma das primeiras descrições conhecidas é datada ainda do século XII, em textos chineses.
No século XVII, o próprio cientista britânico Francis Bacon descreveu eventos relacionados a essas bolas de raio no céu.
Gravuras e representações de raios globulares foram realizadas nos séculos seguintes, instigando ainda mais o imaginário popular, como na imagem acima, datada de 1886.
Algumas das primeiras hipóteses que buscavam explicar o fenômeno são do século XX, com as ideias do cientista russo Alexander Gurvich, ligadas à liberação de energia de um raio comum.
Toda essa mística e incertezas acabou levando o raio globular a provocar muita confusão quando aparecia, já que foi (e ainda é) associado a um OVNI.
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Diferença entre o raio globular e o raio comum
Tanto o raio bola quanto o raio comum são fenômenos atmosféricos ligados à eletricidade. No entanto, carregam diferenças significativas.
A primeira é justamente a frequência com que aparecem, já que o raio comum é presente durante tempestades e facilmente observados.
Nesse caso, ele trata-se de uma descarga elétrica que ocorre graças a atração entre cargas de sinais opostos, isto é, uma grande diferença de potencial.
Sua forma mais comum e perigosa é a descarga entre a nuvem e o solo, mas também ocorre entre nuvens e do solo para a nuvem.
Aqui, vale destacar também que o raio é a própria descarga elétrica, enquanto o relâmpago e o brilho do raio e o trovão é o som provocado por ele.
Diferença entre o raio bola e o Fogo de Santelmo
Outro fenômeno bem interessante também, e que gera certa confusão com o raio globular, é o fogo de Santelmo.
Na internet, aliás, alguns vídeos do “raio bola” que circulam são, na verdade, esse outro fenômeno, que é bem mais comum.
O fogo de Santelmo trata-se de uma descarga eletroluminescente que é gerada pela ionização do ar dentro de um campo elétrico forte, provocado por descargas elétricas.
Também é um tipo de plasma e surge em estruturas pontiagudas e altas, a exemplo dos mastros das embarcações, cruzes das igrejas, pontas das asas de aviões, etc.
Vídeo real de um raio bola
Como já mencionado, uma parte considerável dos vídeos de aparições do raio globular que existem na internet não são reais.
Uma parte são algum outro fenômeno natural (como o próprio fogo de Santelmo) ou artificiais, outros são edições fake completas.
Em 2023, porém, o geofísico e youtuber brasileiro Sérgio Sacani trouxe um vídeo real do raio bola em seu perfil no X (antigo Twitter), onde é possível acompanhar com detalhes o fenômeno:
Nessa aparição, o raio bola surgiu logo após o local ser atingido por um raio comum, se movimentou por alguns segundos e desapareceu.
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