Gripe espanhola: tudo sobre a pior pandemia do século 20

Gripe espanhola
Gripe espanhola: Hospital nos Estados Unidos. foto: Wikipedia.

A gripe espanhola foi uma doença viral, que ocorreu entre 1918 e 1920, responsável por infectar um terço da população mundial, ou seja, cerca de 500 milhões de pessoas.

O nome atribuído a essa doença não faz uma alusão precisa ao local de sua origem, já que a possível primeira manifestação da gripe é registrada em um acampamento militar situado na região centro-oeste dos Estados Unidos.

Alguns estudiosos também levantam a ideia de que foram os soldados norte-americanos que levaram esse vírus para a Europa, já que o país participava ativamente da Primeira Guerra Mundial.

E como não existiam vacinas ou medicamentos eficientes para combater os sintomas da gripe naquela época, essa pandemia acabou se tornando uma das mais mortais do século passado.

Para exemplificar melhor, o número de vítimas fatais resultantes da gripe espanhola foi em torno de 20 a 50 milhões (somente nos Estado Unidos o número de mortos chegou a quase 670 mil).

O que foi a gripe espanhola

Em tempos atuais, fica bem mais fácil descrever o que foi a gripe espanhola, já que recentemente o mundo passou por uma outra grande pandemia bastante semelhante, a de covid-19.

Assim como o Coronavírus, o surto epidêmico do século XX foi uma doença infecciosa causada pela mutação de um vírus, mas neste caso, o Influenza A.

Nesse sentido, a doença também era transmitida através do contato direto com uma pessoa infectada, ou através da tosse ou do espirro de alguém doente ou até mesmo pelo ar de determinado ambiente.

Além disso, caso alguém simplesmente tocasse algum objeto contaminado pelo vírus e logo em seguida levasse as mãos aos olhos, boca ou nariz já se tornava possível contrair a doença.

O sistema sanitário precário em vários países, decorrente da destruição provocada pelos conflitos da guerra, foi um outro fator responsável em facilitar a transmissão em grande escala da gripe espanhola.

Desse modo, cidadãos de diversos países foram obrigados a usar máscara, como forma de prevenir o contágio, e muitos estabelecimentos comerciais tiveram que fechar suas portas por algum tempo a fim de evitar aglomerações.

Principais sintomas da gripe espanhola

Os sintomas da gripe espanhola variam muito de pessoa para pessoa, ou seja, eles podiam atingir diferentes sistemas do corpo humano, desde o sistema respiratório até mesmo o sistema nervoso.

Dessa maneira, estavam incluídos entre os principais sintomas da gripe:

  • Febre acima de 38 graus;
  • Dores nas articulações e nos músculos;
  • Extrema dificuldade de respiração;
  • Cansaço;
  • Pneumonia;
  • Dores na região do abdome;
  • Falta de ar;
  • Aumento da concentração de proteína na urina;
  • E o aumento ou diminuição dos batimentos cardiovasculares.

Além disso, após algumas horas da manifestação dos primeiros sintomas da doença, o enfermo também poderia apresentar manchas ao redor do rosto, um tom de pele azulado e sangramento pelos olhos e nariz.

Tratamento da gripe espanhola

Como já pontuado anteriormente, não haviam vacinas e nem remédios que combatem a gripe espanhola naquela época.

E como também não foi possível identificar o organismo que provocava a mutação do vírus, a criação de tratamentos adequados e específicos para o combate da gripe não existiu.

Dessa forma, o único tratamento que foi receitado pelos médicos do século passado a seus enfermos, era o repouso absoluto seguido de muita ingestão de líquidos.

E em alguns casos, aspirinas também eram receitadas, como forma de aliviar as dores e a febre alta causada pela gripe espanhola.

Gripe espanhola: tudo sobre a pior pandemia do século 20 2
Enfermeira espanhola cuidando de paciente durante a gripe espanhola. Foto: Wikipedia.

A gripe espanhola no Brasil

Em um primeiro momento, o Brasil acompanhou a gripe espanhola apenas através dos jornais e a população também não se preocupou muito com a chegada da doença em território nacional, pois os casos da gripe aconteciam em lugares distantes.

Contudo, contrariando as expectativas do povo, a gripe acabou por chegar ao país em setembro de 1918, quando uma divisão naval brasileira retornou de uma missão no Atlântico Sul.

Dessa forma, mais de uma centena de marinheiros e algumas outras pessoas foram a óbito decorrente dessa primeira aparição da gripe espanhola no Brasil.

Com o passar do tempo, o vírus entrou no interior do país, infectando parte da população de importantes regiões brasileiras.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, foram contabilizadas mais de 5 mil mortes causadas pela gripe espanhola.

Já em Recife, cuja população era de pouco mais de 200 mil habitantes, foram contabilizados mais de mil óbitos.

Entre os infectados e mortos pela pandemia do século XX estava o recém eleito presidente do Brasil, Rodrigo Alves, que não pode assumir o cargo devido ao seu falecimento decorrente da gripe espanhola em 1819.

Assim, como forma de se proteger da chegada da terrível gripe, muitos brasileiros buscaram refúgio em cidades mais afastadas dos grandes centros urbanos da época.

Novos hábitos

Com a chegada da gripe espanhola em grande parte do mundo, hábitos considerados normais na época tiveram que passar por bruscas mudanças.

Tudo isso porque a forma de transmissão da gripe era cada vez mais amplificada devido a algumas atitudes um tanto quanto “anti-higiênicas” que eram comuns entre as pessoas.

Dessa maneira, a população de diversos países passaram a reformular certas atitudes e costumes, a fim de criar uma maior sensação de segurança para as pessoas.

Entres essas mudanças de hábitos, destacam-se:

  • A substituição dos copos de alumínio em lugares públicos por copos descartáveis;
  • As pessoas passaram a cobrir a boca ao tossir ou espirrar, além de evitar a cuspir em lugares públicos;
  • E os espaços de uso comum passaram a ser mais ventilados.

A gripe espanhola e o racismo

Como já citado anteriormente, os Estados Unidos foi um dos países mais afetado pela gripe espanhola, com mais 600 mil vítimas.

Contudo, com a chegada da gripe na região, um outro problema social também tomou força entre determinados grupos do país, o racismo.

Assim, a organização terrorista que pregava a supremacia racial branca, Ku Klux Klan, se aproveitou do frágil momento para ascender o seu discurso de ódio entre a população.

Dessa maneira, o grupo fundado em uma pequena cidade do Tennessee, acusou os soldados americanos negros de terem trazido a gripe espanhola para o país ao retornarem da guerra.

Porém, essa acusação infundada ao povo afro-americano era apenas mais uma tentativa da Ku Klux Klan instaurar o medo entre o povo americano e fomentar ainda mais as atitudes racistas no país.

LEIA TAMBÉM:

Fonte: history

Compartilhar