As pessoas que tentaram reescrever a história (ou ainda tentam) possuem objetivos específicos, em sua maioria políticos. A história é a forma que entendemos o nosso passado, e como ele nos trouxe até aqui. Com ela, é possível que nós mesmos e nossos líderes possam tomar decisões mais bem pensadas, ainda que nem sempre isso ocorra.
Por várias razões houveram pessoas que tentaram reescrever a história, ou afirmando que algo não aconteceu como aceito pela maioria, ou reduzindo sua dimensão.
Listamos algumas delas abaixo.
Pessoas que tentaram reescrever a história
10. Batalha de Azincourt (Henry V)
Uma das pessoas que tentaram reescrever a história esteve envolvida numa das mais famosas guerras na história da humanidade – a Guerra dos Cem Anos. Ela foi travada entre os ingleses e os franceses nos séculos XIV e XV, e a batalha mais famosa e estudada da guerra foi a de Azincourt.
Ela é considerada uma das melhores vitórias da história, pois havia duas vezes mais soldados franceses que ingleses – alguns historiadores, contudo, acreditam que os números eram quase iguais.
A batalha foi uma grande vitória do rei Henrique V da Inglaterra, levando Shakespeare até a escrever Henrique V em sua homenagem.
9. A Causa Perdida dos Estados Confederados (historiadores)
Ainda há discussões acerca da Guerra Civil nos Estados Unidos. Muitos acreditam que a guerra não se iniciou em torno da escravidão, mas por outro motivo. Muitos historiadores (simpatizantes da Confederação) são pessoas que tentaram reescrever a história.
Esses historiadores afirmam que a Guerra Civil foi uma guerra movida pela agressão do norte. Eles ligam a guerra aos direitos do Estado, argumentam que os escravos eram bem tratados e incluem questões econômicas como causas da guerra.
Todavia, a maioria dos historiadores modernos concordam que a raiz da Guerra Civil foi a divisão entre os Estados Confederados, que queriam manter a escravidão, e a União, que queria bani-la.
8. A Suástica Rosa (Scott Lively e Kevin Abrams)
Na Alemanha nazistas, muitos povos e grupos foram perseguidos, como judeus, homossexuais e negros. Para identificá-los, por exemplo, os judeus precisavam usar uma estrela de Davi, enquanto os homossexuais vestiam triângulos rosas.
Ainda que isso seja aceito pelos historiadores, dois autores tentaram argumentar contra essas ideias.
Scott Lively e Kevin Abrams escreveram o livro The Pink Swastika (A Suástica Rosa em tradução livre), afirmando que o partido nazista não era contra homossexuais, e sim contra homens afeminados. Eles então relatam que o partido nazista na verdade começou em bares gays, referenciando o simbolismo visto no partido.
A intenção dos autores era colocar os homossexuais como responsáveis de alguma forma pelo holocausto, e não como vítimas. Felizmente, ninguém lhes deu atenção.
7. 6 de janeiro de 2021 (políticos republicanos dos EUA)
Essa é bem recente, e tem paralelos com o nosso próprio país. Em 6 de janeiro de 2021, apoiadores do presidente Donald Trump invadiram o Capitólio dos Estados Unidos ao verem que Joe Biden tinha vencido a eleição presidencial de 2020.
Muitas pessoas acompanharam os fatos ao vivo pela televisão. Os civis simplesmente invadiram as portas do prédio, o que levou a muitas pessoas feridas e algumas mortes. Alguns políticos republicanos ainda afirmam que a eleição foi roubada, e que os protestantes se tornaram “prisioneiros políticos”.
6. Massacre da Praça da Paz Celestial (governo chinês)
No ocidente todos conhecem ou ouviram falar acerca do Massacre da Praça da Paz Celestial que ocorreu na China, em 1989. A praça se localiza em Pequim, capital da China, e foi palco de protestos de trabalhadores e estudantes por semanas, que eram contra o sistema político e econômico instituído pelo Partido Comunista Chinês.
Havia 100 mil protestantes apenas em Pequim. Muitos deles se reuniram na Praça da Paz Celestial. Em resposta, o governo avançou com militares, incluindo tanques. Os militares retiraram os civis da praça, matando-os antes de atropelar com tanques os feridos e mortos.
O governo chinês recuperou o controle e muitos sobreviventes foram expulsos do país. O governo chinês, todavia, não reconhece tudo o que aconteceu no evento, afirmando que menos de 300 pessoas morreram – a estimativa real é de entre 8 a 10 mil pessoas.
5. Crimes de guerra japoneses na Segunda Guerra Mundial (governo japonês)
Novamente as pessoas que tentam reescrever a história estão no governo – dessa vez, no Japão.
A Alemanha não foi a única a cometer atrocidades na Segunda Guerra Mundial. Alguns dos crimes de guerra cometidos pelos japoneses incluem ataques em países neutros, experimentos em humanos, guerra biológica, tortura de prisioneiros de guerra, trabalhos forçados, estupros, canibalismo e ataques a embarcações hospitalares.
Ainda que a maioria dos historiadores tomem tais fatos como verdadeiros, houve membros do governo japonês, inclusive Yuji Iwanami, avó do general Tojo, que sugerem que o envolvimento do Japão na guerra não foi uma agressão, e sim uma resposta ao imperialismo racista do ocidente.
4. Mito da escravidão de irlandeses (vários)
O mito da escravidão de irlandeses compara a escravidão forçada de afro-americanos à servidão em contrato de irlandeses americanos nos séculos XVII e XVIII. Isso é comumente usado como justificativa para não fornecer reparações às famílias de descendentes de pessoas que foram escravizadas.
O mito sugere que os servos contratados eram tratados da mesma forma (ou até pior) que os escravos africanos. Às vezes vai além, sugerindo que os irlandeses também foram escravizados. Outro propósito das pessoas que tentaram reescrever a história com esse mito é subestimar a discriminação contra afro-americanos.
3. Negação da Turquia acerca do genocídio armênio (governo turco)
Pelo visto é comum que as pessoas que tentaram reescrever a história estivessem ou ainda estejam no poder.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os turcos otomanos cometeram um genocídio contra os povos armênios, com mais de um milhão sendo massacrado. O governo turco ainda não assumiu responsabilidade por isso até hoje.
2. Massacre de Nanquim (governo japonês)
O Massacre de Nanquim também é conhecido no ocidente, e foi um dos piores massacres na história da humanidade. Ele ocorreu na Segunda Guerra Mundial, com o Japão invadindo a China. Por seis semanas inteiras, os japoneses massacraram os civis. A estimativa de mortes totais variam entre 40 e 200 mil.
Além de assassinatos, estupros em massa também ocorreram – mais de 20 mil. Os japoneses também pilharam e queimaram a cidade, além de aterrorizar os habitantes. Dois oficiais japoneses, Toshiaki Mukai e Tsuyoshi Noda inclusive fizeram uma competição para ver quem conseguia matar 100 pessoas mais rápido com uma espada.
Em 2012, dois prefeitos japoneses negaram que o massacre foi tão terrível e grandioso assim.
1. Negação do Holocausto (David Irving)
Finalizando a lista de pessoas que tentaram reescrever a história temos David Irving. Irving é autor do livro Hitler’s War (Guerra de Hitler em tradução livre), e nega que o holocausto aconteceu. Em 2000, ele processou a Penguin Books e a acadêmica Deborah Lipstadt após ela escrever que ele era um ideólogo pró-nazista – e perdeu o caso.
Ele também passou três anos na prisão na Áustria após negar a existência de câmaras de gás em Auschwitz.
Mesmo após as derrotas na corte e a prisão, Irving mantém seu posicionamento, e continua tentando reescrever a história.
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