Criada ainda no início do século XIX, a Teoria de Lamarck foi uma das mais importantes teorias evolutivas já criadas, sendo também uma das mais conhecidas.
Sua relevância, nesse caso, não se deve exatamente a assertividade de suas propostas, mas sim pela quebra dos paradigmas da época, e pela abertura de um campo de estudo que foi muito bem aprofundado por pesquisadores mais adiante, inclusive ainda no século XIX.
Assim, o Lamarckismo teve um papel de destaque para que a atual compreensão da formação das espécies fosse criada.
Nesse artigo, você irá conhecer justamente o que é a Teoria de Lamarck, quais são suas ideias, exemplos, importância e diferenças para o Darwinismo. Acompanhe!
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O que é a Teoria de Lamarck?
Como mencionado, a Teoria de Lamarck é uma teoria científica que trata sobre a evolução das espécies.
Também chamada de Lamarckismo, as teses foram propostas pelo naturalista francês Jean-Baptiste Lamarck, ainda em 1809, ano de publicação do seu livro “Filosofia Zoológica”.
A obra foi a grande responsável por introduzir as ideias evolutivas, colocando o meio ambiente como força principal na mudança dos organismos.
Nesse caso, as ideias evolutivas de Lamarck baseiam-se em dois princípios básicos, que são as duas leis do naturalista: Lei do uso e desuso e Lei de transmissão dos caracteres adquiridos.
As leis de Lamarck
A primeira grande lei da Teoria de Lamarck é a do uso e desuso, que fala que, a depender das diferentes condições do ambiente, alguns órgãos são mais ou menos utilizados pelo organismo.
Assim, há o desenvolvimento massivo dos órgãos mais usados, e o atrofiamento daqueles que pouco tem utilidade.
Essa primeira ideia está em total alinhamento com a sua segunda lei, que é a da transmissão dos caracteres adquiridos.
Ou seja, essas características adquiridas em relação aos órgãos são passadas para as gerações futuras.
Quando propostas, essas teorias do naturalista sofreram bastante rejeição da comunidade científica da época.
Afinal, o conhecimento sobre as heranças genéticas ainda não existiam, o que fazia com que as espécies fossem vistas como seres imutáveis, sendo exatamente as mesmas desde quando surgiram, sem passar por mudanças ou alterações em nenhum período.
Diferenças para o Darwinismo
Atualmente, a teoria da evolução mais aceita é a chamada teoria sintética da evolução ou neodarwinismo, que trazem como principais causas para a variabilidade genética a mutação e a recombinação genética.
Assim foi o naturalista britânico Charles Darwin quem criou as bases para essa teoria, por meio do Darwinismo.
Com o livro “A Origem das Espécies”, de 1859, o pesquisador defendia que o ambiente favorecia aqueles organismos que possuíam as condições para sobreviver.
Além disso, para Darwin, os organismos mais adaptados eram os que se sobressaiam, alcançavam sua idade reprodutiva, reproduziam-se com uma frequência maior, conseguindo assim transmitir suas características aos seus descendentes.
Ou seja, não era o uso massivo de um órgão que gerava essa evolução, como propunha a Teoria de Lamarck, e essa nova característica adquirida não conseguiria rapidamente ser passada às gerações futuras.
Muito pelo contrário, os indivíduos que já eram mais adaptados superavam essa seleção natural, e pouco a pouco iam formando gerações com essas características relevantes.
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A importância da Teoria de Lamarck
Embora não sejam mais aceitas pela comunidade científica atualmente, as teorias evolutivas de Lamarck foram de grande importância para a compreensão da evolução das espécies.
Afinal, foi justamente ele o grande pioneiro a tratar sobre o tema, quebrando os paradigmas da época sobre a imutabilidade dos organismos.
Assim, sua teoria, apesar de não conseguir demonstrar corretamente como esse processo ocorre, abriu as portas para que melhores respostas fossem procuradas e entregues.
O próprio Charles Darwin, aliás, reconhecia a importância do Lamarckismo, embora trouxesse uma visão mais completa.
Vale lembrar, é claro, que o naturalista acertou em dizer que o ambiente tem uma grande responsabilidade por modificar as espécies.
Tudo acontece ao longo de muitas gerações, por meio da convergência ou divergência evolutiva – ou em casos de evoluções rápidas. De todo modo, o ambiente é sim um fator crucial nesse processo.
Teoria de Lamarck: exemplos
Para entender mais profundamente a Teoria de Lamarck, nada melhor do que conferir um exemplo claro de sua proposta. Acompanhe!
A evolução das girafas
Sendo essa uma exemplificação dada pelo próprio Lamarck, a evolução das girafas é a forma mais simples de entender essa teoria.
Para ele, a suposição era de que esses animais pudessem ter surgido dos antílopes, que acabaram se modificando com o tempo, devido às condições exercidas pelo ambiente.
Assim, devido às secas que assolaram a região, esses animais precisavam esticar bastante o seu pescoço, a fim de alcançar a parte alta das árvores, onde as folhas eram mais abundantes, já que quase ninguém chegava até lá.
Dessa forma, o pescoço deveria esticar-se cada vez mais, o que acabou levando a transmissão desse caráter adquirido para a geração futura, tornando o filhote com esse membro muito maior que o do seus pais.
Dando continuidade ao processo, a próxima geração chegaria com um pescoço ainda mais comprido, e assim sucessivamente, até a formação das girafas atuais.
Considerações finais
Como foi possível observar, a Teoria de Lamarck tem um destaque especial dentro das ideias evolutivas, justamente por seu pioneirismo no setor.
Sem uma primeira ideia criada, não há como haver contraposições e gerações de teorias mais claras e explicativas.
Assim, o Lamarckismo foi o responsável por liderar esse processo de buscas por respostas, indo contra as crenças da imutabilidade instauradas na época.
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Fontes: Ecologia Verde – Britannica