História da Pérsia Antiga

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A história da Pérsia Antiga começa há milhares de anos, e continua hoje através do Irã. É uma das regiões habitadas mais antigas do mundo. Os sítios arqueológicos, por exemplo, possuem resquícios de habitações humanas estabelecidas há 100.000, ainda no Paleolítico.

O reino antigo de Elam estava dentre um dos mais avançados para a época (o assentamento mais antigo data de 7.200 AEC) antes dos sumérios conquistarem a área, que posteriormente foi controlada pelos assírios e medos. Após o Império Medo veio uma das grandes entidades políticas e sociais do mundo antigo: o Império Aquemênida (550-330 AEC). Alexandre, o Grande, acabou por conquistá-lo, e em seguida vieram o Império Selêucida (312-63 AEC), Parta (247 AEC-224 EC) e Sassânida (224-651 EC). O Império Sassânida foi o último império persa a controlar a região antes dos árabes muçulmanos tomarem-na no século VII.

Conheça a história da Pérsia Antiga abaixo.

A história da Pérsia Antiga

Os primórdios da Pérsia

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Arte persa. Imagem: Pixabay

A arqueologia aponta traços de desenvolvimento humano na área desde o Paleolítico até o Neolítico e Calcolítico. A cidade de Susa, que depois foi parte de Elam e então da Pérsia, teve sua fundação em 4395 AEC, sendo uma das mais velhas do mundo.

Acredita-se que as tribos arianas migraram para a região antes do terceiro milênio AEC, e o país depois se chamaria Ariana e Irã – a terra dos arianos. Deve-se compreender o termo “ariano” de acordo com a antiga língua iraniana, o avéstico, que significa “nobre”, “civilizado” ou “homem livre”, designando uma calsse de pessoas, não uma raça.

Essas tribos arianas continham diversos povos, como os alanos, bactrianos, medos, partos, persas, entre outros. Consigo, trouxeram uma religião politeísta, com próximas relações ao pensamento védico dos indo-arianos – o povo que iria se assentar no norte da Índia – e que se caracterizava pelo dualismo e pela veneração do fogo como manifestação do divino.

Assim, essa religião iraniana tinha o deus Ahura Mazda como entidade suprema. além dele, divindades como Mitra (deus do sol) e Anahit (deusa da fertilidade, saúde, água e sabedoria), entre outros, faziam parte do panteão.

Então, em algum ponto entre 1.500 e 1.000 AEC, o visionário Zoroastro (ou Zaratustra) clamou uma revelação divina de Ahura Mazda. Com ela, reconhecia o propósito da existência humana como uma escolha entre lados que travavam uma eterna batalha.

Essa batalha, por sua vez, ocorria entre a divindade da justiça, Ahura Mazada, e seu adversário, Angra Mainyu, deus da discórdia e conflito. Os humanos, então, se definiriam de acordo com o lado que escolhessem. Por consequência, os ensinamentos de Zoroastro formaram a fundação da religião do zoroastrismo, cujos impérios persas adotariam posteriormente.

O Império Aquemênida

Os persas tinham muitos vizinhos em seu território, como os elamitas e os medos. Os medos eram a potência dominante da região, e o reino dos persas era um estado vassalo. Essa situação, contudo, se verteu após a queda do Império Assírio em 612 AEC, que se apressou com as campanhas dos medos e babilônios em sua coalização, junto a outros, contra o estado assírio.

Cambises I da Pérsia e seu neto Ciro II (também conhecido como Ciro, o Grande, que reinou entre 550-530 AEC) conseguiram derrubar o controle dos medos, fundando assim o Império Aquemênida.

A história da Pérsia Antiga agora mudava por completo, com impérios sucessivos a dominar a região. Ciro II derrubou Astíages da Média em torno de 550 AEC e começou uma campanha sistemática em busca de tomar outros principados sob seu controle. Assim, conquistou o reino da Lídia em 546 AEC, Elam em 540 AEC e a Babilônia em 539 AEC.

Ao final do seu reinado, Ciro II estabelecera um império que se estendia desde o que hoje é a Síria, descendo para a Turquia e através das bordas da Índia. Esse foi o Império Aquemênida, nomeado de acordo com um ancestral de Ciro II, Aquêmenes.

Ciro, o Grande

Ciro II foi um conquistador do mundo antigo que marcou sua época, pois tinha uma visão humanitária, e encojarava inovações tecnológicas. Muitas das terras conquistadas sofriam com falta d’água, então ele buscou formas de reviver meios de exploração de aquíferos. Outra invenção foi o yakhchal, que funcionavam como refrigeradores para preservar gelo.

Uma das suas políticas era de que todos no seu reino deveriam ser livres para viver como quisessem, desde que fosse em paz com os outros. Após a conquista da Babilônia, ele permitiu que os judeus retornassem para Judá, e até contribuiu com fundos para a reconstrução do seu templo. Os lídios continuaram a cultuar sua deusa Cibele, e outras etnias podiam continuar seus ritos também.

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Ruínas de Persépolis, capital cerimonial do Império Aquemênida. Imagem: Pixabay

O que Ciro II pedia era que os cidadãos do império vivessem em paz uns com os outros, servissem em seu exército e pagassem os impostos.

De forma a manter um governo estável, ele estabeleceu uma hierarquia, com ele no topo, rodeado por conselheiros, que passavam seus decretos para secretários, que por sua vez os levavam aos governantes locais, os sátrapas. Esses governantes só tinham autoridade sobre questões administrativas e burocráticas, enquanto um comandante militar na mesma região cuidava das questões policiais e militares.

O Império Selêucida, Parta e Sassânida

O Império Aquemênida permaneceu estável até a conquista de Alexandre, o Grande, durante o reinado de Dário III. Terminava ali uma das fases mais emblemáticas e marcantes na história da Pérsia Antiga. Após a morte de Alexandre, seu império dividiu-se entre os generais. Um deles, Seleuco I Nicátor, conquistou a Ásia Central e a Mesopotâmia, fundando o Império Selêucida, helenizando a região.

Ele manteve o modelo persa de governo e continuou com a tolerância religiosa, mas preencheu as posições administrativas com gregos. Ainda que gregos e persas se casassem entre si, o Império Selêucida favorecia os gregos, e a língua grega se tornou a língua da corte.

Mesmo com as políticas que buscavam estabilidade, algumas regiões se rebelaram, como a Pártia. Em 247 AEC, Pártia estabeleceu um reino independente, que se tornaria o Império Parta. O Império Selêucida batalhou contra o Império Parta até que o último venceu, conseguindo expandir-se enquanto o outro caía.

Batalhas entre os romanos e os partas trariam agitações à região. O governante Sapor I, o grande, filho do último rei parta, buscou proteger suas bordas. Ele era um grande devoto do zoroastrismo, e manteve a tolerância religiosa típica dos impérios persas.

Sapor I construiu a fundação do Império Sassânida, que seus sucessores desenvolveram depois. O Império Sassânida é considerado o auge do governo persa e sua cultura na antiguidade, sendo uma importante fase na história da Pérsia antiga, pois mantinha os melhores aspectos do Império Aquemênida e ainda os aprimorava.

A queda dos impérios persas e o Irã moderno

Porém, assim como outros impérios, o Império Sassânida também se enfraqueceu. Finalmente, no século VII veio a conquista pelos árabes muçulmanos, que transformaria a região, mas cuja conquista ainda assim não apagaria as marcas deixadas pela cultura persa.

A antiga civilização da Pérsia continua ainda hoje através da cultura iraniana. Ainda que o Irã corresponda ao coração da Pérsia antiga, a República Islâmica do Irã é uma entidade multicultural. Ser iraniano é uma nacionalidade, enquanto ser persa é uma etnia; não significam a mesma coisa.

Além disso, a herança multicultural do Irã descende diretamente do paradigma dos grandes impérios persas do passado, que continham diversas etnias vivendo sob o mesmo jugo. Esse passado reflete-se no caráter diverso e receptivo da sociedade iraniana atual.

Fontes: Ancient Persia – World History Encyclopedia e Persian Empire – HISTORY
Imagem: Pixabay

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