O que foi o Império Otomano?

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O que foi o Império Otomano? O Sultanato Otomano (1299-1922 como império, 1922-192 como califado), também conhecido como Império Otomano, em turco Osmanli Devleti, foi um estado imperial turco concebido e nomeado por um chefe anatólio, Osman (1258-1326).

Durante o seu auge, nos séculos XVI e XVII, o império controlou vastas regiões, incluindo a Anatólia, o sudoeste da Europa, a Grécia, os Balcãs, partes do norte do Iraque, Azerbaijão, Síria, Palestina, partes da península Árabe, Egito e partes do norte da África.

O Império Otomano foi uma superpotência militar da sua época, mas estagnou e começou a cair ao final do século XVI até ser substituído pela República da Turquia após a Primeira Guerra Mundial (1942-1918).

Entenda abaixo o que foi o Império Otomano e a sua história, da ascensão à queda.

O que foi o Império Otomano?

A unificação otomana

No século XI, os turcos seljúcidas, um povo da estepe asiática que aceitara a versão sunita do Islão, tomou a Pérsia e estados vizinhos, avançando para o oeste em direção à Anatólia. Lá, lidaram com as forças do Império Bizantino (330-1453), derrotando-as em 1071. Assim, várias tribos turcas se estabeleceram na região.

Ao final do século XIII, os reinos anatólios (beyliks) eram independentes, mas tinham rixas entre si. Então, Osman, o chefe (bey) da Bitínia, região ao oeste, iniciou uma guerra com o reino bizantino, expandindo seus domínios e sitiando Bursa, que caiu após sua morte em 1326.

Em seguida, seus sucessores dominaram os domínios bizantinos na Anatólia e Europa, tomando os Balcãs ao final do século XIV. Ainda assim, os europeus tentaram expulsar os otomanos, mas falharam sucessivamente. Foi em outro local, contudo, que os turcos encontraram seus rivais.

As forças sob o líder turco-mongol Timur, que vinham do leste, entraram em conflito com os otomanos próximo à Ankara em 1402. Eles derrotaram os otomanos, capturando o sultão Bajazeto I.

Ainda assim, as forças ocidentais não conseguiram aproveitar essa oportunidade. Então, após uma guerra civil, o Interregno Otomano (1402-1413), Maomé I, filho de Bajazeto, emergiu vitorioso como o líder de um reino otomano unificado. Por isso, o apontam como o segundo fundador do império.

A queda de Constantinopla

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Mesquita de Solimão, na Turquia, comissionada pelo sultão Solimão I em 1557. Imagem: Mark Cartwright (CC BY-NC-SA)

Após restaurar as fronteiras do império, os otomanos retornaram às Muralhas de Constantinopla, o último bastião do Império Bizantino, em 1453, com liderança de Maomé II, o Conquistador, neto de Maomé I.

Depois da queda de Constantinopla, que se tornou a nova capital otomana, Maomé realizou diversas campanhas ao leste e oeste. Sérvia, Grécia e Bósnia caíram diante o sultão, e ao leste, Maomé tomou Trebizonda, em 1461. Maomé também teve a aliança dos tártaros da Crimeia em 1475, passando a dominar o Mar Negro nos três séculos seguintes.

Os otomanos voltaram-se para o leste sob Selim I, neto de Maomé, o Conquistador, que rivalizava com a Dinastia Safávida (xiita) do Irã (1501-1736) e o Sultanato Mameluco do Egito (1250-1517). Ele derrotou o primeiro em 1514, mas não realizou uma conquista completa; o reino mameluco, contudo, foi tomado por inteiro até 1517.

Essa vitória deu aos otomanos acesso às cidades sagradas de Meca, Medina e Jerusalém, permitindo-os assumir o título de Califado do Mundo Islâmico. Os otomanos e os safávidas, e sucessivos impérios persas, continuaram a batalhar intermitentemente nos três séculos seguintes. Nesse interim, os territórios do Iraque e Azerbaijão foram trocados diversas vezes, até a situação se resolver com um tratado de paz em 1847.

Solimão, o Magnífico

O filho de Selim, Solimão I, é até hoje o líder mais celebrado da era otomana. É referenciado como o Kanuni (Legislador) ao leste e como Magnífico ao oeste. Conquistou Belgrado em 1521, tomou a ilha de Rodes em 1523, e garantiu uma vitória contra a Hungria em 1526. Essa última desestabilizou a região por anos, e permitiu aos turcos a dominância da região, competindo com os austríacos enquanto isso.

Na África, Argel aceitou a suserania de Selim em 1517, e Túnis entrou no império durante o governo de Solimão em 1534. Solimão, o Magnífico, morreu durante a campanha na Hungria em 1566, deixando o império nas mãos do seu único filho, Selim II. Alguns historiadores apontam esse momento como o início da queda do império.

As décadas seguintes ainda tiveram conquistas, mas a autoridade militar e naval dos otomanos começou a enfraquecer. As conquistas do Iêmen (1567-1570), Chipre (1570), Túnis (1574), Fez nos Marrocos (1578), Creta (1669) e Podólia (1672) mostraram-se como as últimas adições significativas ao império.

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Imagem: Museu Kunsthistorisches, domínio público

Mudanças de governo

Em 1683, o exército otomano sofreu uma derrota devastadora nas muralhas de Viena, o que lhe fez perder seu prestígio militar. Em 1699, o Império Otomano viu-se forçado a buscar pela paz diante uma invasão coletiva; o tratado de Karlowitz (1699) forçou os turcos a ceder vastos territórios na Europa para a Áustria, Polônia, Rússia e Veneza.

Essa perda territorial era apenas um prelúdio para o que seria um longo século para o império. Os tártaros da Crimeia foram derrotados pelos russos em 1783, tirando a hegemonia do império na região leste do Mar Negro. A Revolução Grega (1821-1829) estabeleceu a independência da Grécia, exemplo seguido pela Bulgária, Sérvia, Montenegro e Romênia, que se separaram do império até o final do século XIX.

O Egito escapou do controle direto dos otomanos durante a década de 1830, sendo perdido para o Império Britânico cinco décadas depois, em 1880. A França tomou a Argélia em 1830 e a Tunísia em 1881. Por fim, o último território africano do império, a Líbia, foi tomado pela Itália em 1911.

A queda do Império Otomano

Portanto, o último governante otomano autônomo a fazer contribuições significativas ao império foi o sultão Abdulamide II, que assumiu durante a Primeira Era Constitucional do Império Otomano, uma era de monarquia constitucional. Ele dissolveu o sistema em apenas dois anos, porém, reestabelecendo o controle monárquico.

Abdulamide realizou diversas tentativas de modernização, principalmente no setor educacional, e introduziu vários avanços tecnológicos, como estradas de ferro. Contudo, é um governante controverso devido ao seu envolvimento no massacre da população armênia local (1894-1896), algo comumente visto como prelúdio ao Genocídio Armênio (1914-1923) que aconteceria posteriormente.

Abdluamide foi deposto em 1909 pelo partido Jovens Turcos, uma entidade nacionalista e secular que restaurou a monarquia constitucional do império. A partir desse momento o império começou a caminhar para ao seu fim.

A última derrota veio quando o império se envolveu na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), ao lado das Potências Centrais (Império Austro-Húngaro e Alemanha). O sultanato foi destruído na guerra, e deixou de existir oficialmente em 1922.

Após a guerra, os gregos invadiram a Anatólia. O líder Mustafá Kemal Atatürk liderou as forças de defesa, e acabou por fundar a Turquia moderna durante a Guerra de Independência Turca (1923-1938).

Fontes: Ottoman Empire – World History Encyclopedia e Ottoman Empire | Facts, History, & Map | Britannica
Imagem: Ottoman Sipahi Cavalry (Illustration) – World History Encyclopedia

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