Hoje vivemos nos tempos do “mindset”, “self-made”, “personal power”, entre outros curiosos e inusitados termos típicos do empreendedorismo. Por isso, conhecer a fundo as características dos dois lados do cérebro tornou-se uma preocupação das mais comuns nas mais variadas sociedades contemporâneas.
Em resumo, sabemos que ficou convencionado relacionar o lado esquerdo do cérebro a funções racionais. Enquanto isso, o lado direito tornou-se o âmbito das funções ligadas à emoção e criatividade.
Porém, já existe inúmeras controvérsias no meio científico acerca de tais caracterizações. De fato, elas, nem de longe, podem ser consideradas como uma unanimidade entre os cientistas nos dias atuais.
Com efeito, alguns casos em que indivíduos tiveram um dos dois lados do cérebro afetado e continuaram a executar ambas as funções normalmente revelam muito sobre esse tema. E é com base nessas investigações que alguns cientistas, como o aclamado neurocientista Miguel Nicolelis, já começam a enxergar de modo bastante diferente esses dois lados ou dimensões cerebrais.
Segundo ele, as atividade dos neurônios ocorrem de maneira diferente do que imaginamos.
Em síntese, a sua opinião é a de que os neurônios de ambos os lados podem se revezar na execução de funções racionais e emocionais. E essa é uma teoria capaz de colocar por terra tudo o que acreditávamos saber até hoje sobre as funções normais de um cérebro saudável.
As controvérsias que cercam esses dois lados cerebrais
Na verdade, já há todo um movimento que busca descontruir inúmeras “verdades” absolutas nesse campo da neurociência. O objetivo é realmente quebrar paradigmas, derrubar velhas crenças e mostrar como o cérebro humano realmente funciona de fato.
Em suma, o que se sabe atualmente, sobre ambos os lados cerebrais, é que eles são simetria pura! Ou seja, o lado esquerdo recebe impulsos nervosos que condicionam o lado direito. Enquanto isso, o direito recebe esses sinais e conduz os movimentos do lado esquerdo do corpo.
Mas o que hoje já se sabe, também, é que essa simetria, diferentemente do que se imagina, não determina as características da nossa natureza humana.
Não, ao que parece, o lado esquerdo não é só razão e lógica, e o direito emoção e criatividade. De fato, a coisa não parece ser tão simples e nem tão facilmente localizada no que diz respeito ao cérebro humano.
Em resumo, o que se crê atualmente é que essas funções localizadas serviram apenas por razões evolutivas. Tudo indica que essa localização teria apenas funções econômicas, como forma de garantir que o lado oposto se mantivesse sempre com espaço à vontade.
No caso da fala, por exemplo, descobriu-se que é o lado esquerdo que controla essa função; mais especificamente, a “área de Broca”.
Do mesmo modo, o neurologista Carl Wernicke descobriu que o lado esquerdo (o ”lobo temporal superior”) também é responsável pela nossa capacidade de entender as palavras.
E até aí tudo bem. Mas o problema surge quando descobrimos, por exemplo, que 1/3 dos canhotos apresentam essas funções no lado direito do cérebro; e da mesma maneira ocorre com cerca de 3% dos destros. E surge, também, quando descobrimos que existe ainda uma minoria cujo controle da linguagem parece abranger os dois lados cerebrais.
Quando os dois lados do cérebro estão em xeque
Não há dúvidas de que devemos reconhecer que os dois lados do cérebro possuem características bastante peculiares a cada um deles. De fato, é bastante nítida a regulação que fazem de funções bastante específicas, independentemente das razões por trás de tais predileções.
O lado direito, ao que tudo indica, regula as funções espaciais, de geolocalização, capacidade de desenhar, agressividade e demais emoções bastante intensas. E o curioso é que essas características nós podemos observar, tanto em animais como em humanos.
Além disso, há estudos que comprovam a regulação da empatia e da autoconsciência também por esse lado direito do cérebro; assim como o humor e a capacidade de emitir e entender ironias e sarcasmos.
Por outro lado, também parece evidente que a capacidade de concentração e atenção ficam por conta do lado esquerdo; assim como seguir um raciocínio lógico e metódico.
Mas o problema é quando ocorrem casos em que a perda de parte do lado esquerdo do cérebro prejudicou a capacidade de apreensão dos aspectos subjetivos e emocionais de um discurso, por exemplo. Ou mesmo quando a perda de parte do lado direito não afetou, significativamente, a capacidade de emocionar-se em determinadas situações.
Isso porque uma série de fibras ou comissuras hoje já se sabe que mantêm uma constante ligação entre os dois lados do cérebro. E o resultado disso é, entre outras coisas, o constante envio de mensagens de um lado para o outro; uma descoberta que reforça, ainda mais, a tese de que os lados cerebrais podem (e costumam) revezar-se nessas suas funções básicas de cognição.
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Fontes: cornell – Verywell Mind
Imagens: Getty Images
