Também famosa como ‘tripanossomíase americana’, a doença de Chagas é potencialmente fatal, que surge em decorrência da transmissão do protozoário Trypanosoma cruzi. Acima de tudo, vale destacar que cerca de 6 a 7 milhões de pessoas no mundo inteiro sofrem desse mal, principalmente em áreas endêmicas de 21 países continentais da américa latina. Sobretudo, sua transmissão ocorre em humanos e outros mamíferos, geralmente, pelo contato com a urina ou fezes de triatomíneos, conhecidos como ‘barbeiros’. Porém, esse nome pode variar de acordo com a região geográfica.
A doença de Chagas chama-se assim por conta do médico e pesquisador brasileiro Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, que descobriu a doença há mais de um século, em 1909. Em decorrência do movimento populacional nas décadas anteriores, grande parte dos indivíduos infectados moram em áreas urbanas. Hoje, a infecção tem forte fluxo no Canadá, Estados Unidos, países europeus e africanos, do Pacífico Ocidental e Mediterrâneo Oriental.
Os barbeiros, por sua vez, costumam abrigar-se em rachaduras de paredes ou telhados de casas e estruturas peridomiciliares. Ou seja, celeiros, armazéns, galinheiros, dentre outras construções mais comuns em territórios rurais. Acima de tudo, se escondem enquanto o sol brilha no céu e entram em atividade no período noturno, se alimentando de sangue animal, e também de humanos. Quando mordem uma área exposta da pele, o inseto urina ou defeca perto da picada, fazendo os parasitas entrarem no organismo.
Todavia, há outras maneiras de se contaminar com o T. cruzi, sendo:
- Infecção de mãe para filho durante a gestação ou parto;
- Consumo de bebidas ou alimentos já contaminados. Em muitos casos, a contaminação desse tipo causa surtos nos indivíduos;
- Transplantes de órgãos, quando o órgão transplantado está contaminado;
- Transfusão de sangue ou hemoderivados de doadores que têm a doença;
A doença de Chagas se manifesta em duas fases. De antemão, a fase aguda se estende por cerca de dois meses após a infecção. Durante este período, um grande número de parasitas circula pelo sangue, causando sintomas leves ou até mesmo imperceptíveis. A pessoa pode sentir dores na cabeça, febre, inchaço, incômodo abdominal, aumento dos gânglios linfáticos, palidez, dentre outros. Contudo, já na fase crônica as coisas se complicam.
Aqui, os parasitas se escondem no músculo digestivo e coração. Uma a três DÉCADAS depois do contágio, até 30% dos pacientes sofrem de distúrbios cardíacos, e 10% de alterações digestivas, neurológicas ou mistas. Em outras palavras, a destruição do músculo cardíaco e do sistema nervoso pode causar morte súbita, repentina, sem aviso prévio. A doença de Chagas atua no organismo por muitos anos, onde há relatos de falecimento 10, 20, 30 anos ou mais, em decorrência da infecção.
É possível erradicar a doença?
Para o tratamento é preciso matar o parasita, e dois medicamentos são quase 100% eficazes nessa questão: nifurtimox e benzonidazol. Os médicos administram a medicação após a infecção no início da primeira fase, inclusive em casos de transmissão congênita, como na gravidez. Adultos infectados mas que não apresentam nenhum sintoma também precisam receber o tratamento, para prevenir ou conter a progressão da doença. Sobretudo, é importante frisar que ambos medicamentos não devem ser tomados por gestantes ou pessoas com insuficiência hepática ou renal. Nifurtimox, por sua vez, também recebe contraindicação aos indivíduos com antecedentes de distúrbios psiquiátricos ou neurológicos. Ainda assim, pode haver a necessidade de tratamento específico para manifestações digestivas, neurológicas ou cardíacas.
Infelizmente, pesquisas e estudos provam que a infecção não pode ser erradicada, pois o extenso reservatório de parasitas do T. cruzi em animais silvestres das Américas impossibilita tal feito. Por outro lado, as metas de controle se concentram na eliminação da transmissão para humanos e o acesso precoce aos infectados. Sendo assim, o controle vetorial é o método mais eficaz na América Latina. A triagem de sangue é importante para prevenir a infecção por meio de transfusões ou transplantes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, recomenda algumas abordagens específicas para o controle e prevenção:
- Limpeza e melhorias nas casas para evitar a infestação dos vetores;
- Pulverização com inseticidas residuais em residências e arredores;
- Triagem em doadores de sangue e recém-nascidos de mães infectadas;
- Acesso ao diagnóstico e tratamento da doença de Chagas, principalmente em crianças e mulheres em período fértil;
- Desenvolvimento de atividades para a conscientização, prevenção e informação;
Em primeiro lugar, desde a década de 1990 houve muitos sucessos no controle de vetores e parasitas, principalmente nas Américas. Tal feito ocasionou uma redução substancial na transmissão, além de maior acesso ao tratamento para pacientes. A triagem universal de sangue diminuiu drasticamente o risco de transmissões por transfusão não só na América Latina, como também em diversas regiões do mundo.
Dia Mundial da Doença de Chagas
Apenas em 2005 a OMS reconheceu a doença de Chagas como uma doença tropical negligenciada. Portanto, a partir disso houve maior reconhecimento como problema de saúde pública no cenário internacional. Isso diminuiu a falta de demanda social, compromisso político chulo e pouco combate em torno da infecção. O fato foi tomando proporções exorbitantes em toda esfera global, e desde 2019, após a 72ª Assembleia Mundial da Saúde, 14 de abril (data em que Carlos Chagas diagnosticou o primeiro caso da doença em uma criança de dois anos) ficou definido como ‘Dia Mundial da Doença de Chagas’.
Há indivíduos que vivem em áreas de alto risco, contudo, podem se prevenir evitando dormir em uma casa de barro, palha ou adobe. Se não for possível, use uma rede embebida em inseticida sobre a cama e não se esqueça do repelente, são atitudes simples que podem preservar sua vida. Caso haja qualquer dúvidas e/ou sintomas, procure um médico imediatamente.
Então, você sabia que a doença de Chagas causa todos esses sérios problemas e vem de um pequeno inseto? Compartilhe esse conteúdo em suas redes sociais e continue acompanhando as notícias incríveis aqui do Mundo Curioso!
Fonte: World Health Organization – Mayo Clinic
Imagem: World Health Organization
