Será que café vicia mesmo? O que há de verdade nessa sua fama de viciante? Posso me tornar um dependente de cafeína? Como faço então para evitar?
Bem, se você é um daqueles que acham que o café vicia, parabéns, você está certo. Você está do lado certo da corrente. Com efeito, o café é um dos mais poderosos estimulantes da natureza. E a estrela principal da bebida é a “cafeína”, a substância psicoativa que produz todos aqueles maravilhosos e controversos efeitos estimulantes no cérebro.
Em síntese, alguns desses principais efeitos são uma poderosa capacidade de vasodilatação, aumento do poder de concentração e capacidade de eliminar o sono. Além disso, melhora o humor, atua como um excelente energético e acelerador do metabolismo.
Obviamente, tantas qualidades não poderiam ser concedidas a nós, simples mortais, sem que houvesse algum preço a ser pago, não é verdade? E o principal dentre eles é o risco de tornar-se mais um dentre os milhões de dependentes de cafeína ao redor do mundo.
Só para ilustrar, uma das razões para essa possível dependência diz respeito à capacidade da cafeína de bloquear alguns receptores no cérebro. Entre os principais deles, estão os receptores de adenosina, que as células cerebrais começam a produzir aos montes como forma de suprir esse bloqueio.
Logo, uma das principais consequências desse aumento no número de receptores é justamente a necessidade de mais cafeína para que se obtenha os mesmos efeitos. Desse modo, os bebedores persistentes de café, sem saber, acabam, cada vez mais, “acostumando” os seus cérebros a exgirem cada vez mais doses gigantescas da substância.
Mas será que cafeína vicia os mais precavidos?
A ciência ainda não está de acordo sobre esse efeito viciante da cafeína em todos os indivíduos. Na verdade, ao que parece, apenas alguns são mais propensos a esses efeitos, principalmente em razão da maior capacidade de produzirem esses receptores.
Tecnicamente, a adenosina é uma substância produzida no cérebro com a capacidade diminuir a frequência respiratória e a atividade motora. Além disso, ela induz ao sono, diminui a ansiedade e a frequência cardíaca. Logo, quanto mais receptores prontos a ligarem-se a essa adenosina, mais desses sintomas surgem; e, como consequência, mais necessidade de cafeína para nos mantermos alertas e acordados.
Na verdade, alguns especialistas preferem falar em termos de “vício comportamental” e não em “vício físico”. Ou seja, para alguns deles, essa produção excessiva de receptores prontos a ligarem-se a toda essa adenosina não é capaz de ajudar a configurar o vício propriamente dito em cafeína.
Enquanto isso, para outros, essa alteração na produção de compostos, de forma inquestionável, é a prova, mais que absoluta, de que a ingestão de cafeína torna-se uma necessidade incontrolável.
Os riscos do café tornar-se viciante
Será que café vicia? Bem, de acordo com alguns especialistas, o café é tão somente uma bebida social. De fato, a presença de cafeína em sua composição não a torna uma droga como aquelas consideradas ilícitas. E as razões para isso estão no fato de que uma droga é considerada ilegal apenas em razão da sua maior ou menor capacidade de alterar as nossas funções cerebrais.
Similarmente a isso, a capacidade viciante do café parece estar ligada mais à estrutura genética de cada indivíduo. Além disso, conta muito o tempo de exposição de uma pessoa à bebida. Isso significa que décadas de consumo de café podem ser necessários para que ali se instale um caso clássico de dependência química.
Mas será que café vicia, de acordo com os especialistas?
As dificuldades para se estabelecer o café como uma droga viciante está justamente nisso. Não é possível identificar, com precisão, esse momento de transição em que um indivíduo passa a desenvolver o quadro clássico de abstinência do café. A saber: a manifestação de tremores, ansiedade, suores, agitação, entre outros sintomas típicos da abstinência a uma droga.
Enfim, se por um lado a OMS considera a dependência da cafeína uma síndrome digna de atenção pelas entidades médicas. Por outro, a American Psychiatric Association (APA) prefere não considerar a existência de um vício em cafeína, na forma de um distúrbio de abuso de substâncias.
Conclui-se, daí, que o seu baixo potencial viciante (apesar de real) é a principal razão para tamanho debate. Portanto, aos bebedores profissionais de café, é bom que tenham em mente que o seu consumo regular certamente resultará em um vício, porém sem quase nenhum dano social que seja realmente digno de ser levado em consideração.
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Fontes: Healthline – WebMD