Psicopatas realistas do cinema são um fenômeno muito interessante de se observar. Pensar que pessoas com tal índole – falta de empatia, de emoções, desprezo pelas normas sociais, vício em sensações extremas – existem na vida real é algo intrigante, que pode nos deixar em alerta e muito curiosos.
Eles também são impulsivos e extremamente carismáticos, o que os torna ainda mais perigosos. Em 2014, o professor belga de psiquiatria Samuel Leistedt e sua equipe assistiram mais de 400 filmes, de 1915 a 2010, num período de três anos, relatando e registrando quais deles de fato representavam a psicopatia.
Ao todo, eles encontraram 126 personagens que pareciam psicopatas realistas – e somente 21 eram mulheres. Surpreendentemente, Leistedt disse que Patrick Bateman em “Psicopata Americano”, Norman Bates em “Psicose” e Hannibal Lecter em “O Silêncio dos Inocentes” não se encaixam no arquétipo do psicopata, parecendo mais com um “bicho papão universal”.
Bem, se eles não são psicopatas realistas, quem seriam? É o que você confere na lista abaixo.
Psicopatas realistas do cinema
Alonzo Harris
“Training Day” (2001) é um dos melhores filmes de “policial bom” e “policial mau”, abordando a paranoia, cultura de gangues e corrupção policial em Los Angeles. Num período de 24 horas, Alonzo Harris (Denzel Washington) tenta ensinar o novato Jake Hoyt (Ethan Hawke) a sua forma de trabalha. Alonzo faz Jake passar por uma série de testes morais, buscando medir sua força pessoal e os limites de sua personalidade.
Um dos muitos traços de psicopatas realistas que Alonzo possui é sua habilidade de ultrapassar todos os limites pessoais e profissionais. Psicopatas normalmente não respeitam as normais sociais, e buscam por explorar as fraquezas alheias. Enquanto pessoas comuns apenas interagem socialmente, psicopatas usam essas interações com os outros em prol de si mesmos, aproveitando-se da melhor forma que encontrarem.
Catherine Tramell
Catherine Tramell em “Instinto Selvagem” (1992) é uma romancista altamente inteligente, manipuladora e carismática. Interpretada por Sharon Stone, ambos os seus pais morreram num acidente de barco, deixando-a com uma herança de 110 milhões de dólares.
Em “Instinto Selvagem 2” (2006), o Dr. Michael Glass, interpretado por David Morrissey, revela em sua análise que Catherine é viciada em riscos. Tramell teria a compulsão de provar a si mesma que ela consegue se arriscar e sobreviver a situações perigosas que outras pessoas não seriam capazes de frequentar. Quanto maior o risco, maior a prova da sua capacidade e onipotência.
Gordon Gekko
Gordon Gekko (Michael Douglas) em “Wall Street” (1987) é a epítome do psicopata corporativo. Um homem de negócios de sucesso, ele funda uma corporação de investimentos chamada Gekko & Co, tendo uma fortuna de 650 milhões de dólares.
No topo de empresas é possível encontrar a maioria dos psicopatas, segundo as estatísticas: entre 4% a 12% dos CEOs apresentam traços de psicopatia. E nesses ambientes, os psicopatas são responsáveis por causarem os conflitos na força de trabalho, manipulando os colegas e gerando problemas.
Gordon Gekko é o exemplo perfeito desse tipo de comportamento.
George Harvey
Em “Um Olhar do Paraíso” (2009), o assassinato de Susie Salmon (Saoirse Ronan), de 14 anos, deixa seu espírito vagando, observando sua família em luto. Susie tenta avisar do “além” que o verdadeiro assassino é George Harvey (Stanley Tucci).
Há muitos traços perturbadores em George, como sua obsessão por casas de boneca. Cedo no filme descobrimos que próximo a escola encontra-se o seu covil, onde ele ludibria garotas, atraindo-as para sua morte. O filme consegue enfatizar bem a imagem de psicopatas realistas e a ideia de que eles podem se parecer com qualquer pessoa – inclusive aquele vizinho de aparência “comum”.
Sargento William James
O filme “Guerra ao Terror” (2008) nos exibe o sargento William James (Jeremy Renner) e seu trabalho na unidade de XXX. O sargento gera uma tensão em sua equipe devido aos seus métodos irresponsáveis e a despreocupação diante os riscos envolvidos no trabalho.
Mesmo nessas situações complicadas, ele consegue compartimentalizar o peso do estresse em sua mente, prosseguindo para diferentes tarefas e ações sem se afetar com o que acontece, diferentemente do seu colega, o especialista Owen Eldridge (Brian Geraghty), que visita um psicólogo para lidar com o estresse do combate.
Psicopatas conseguem simular emoções, mas é tudo falso – e assim que precisam, eles “desligam” essa falsa aparência, como um interruptor.
Hedra Carlson
Herda Carlson (Jennifer Jason Leigh) é a antagonista principal de “Mulher Solteira Procura” (1992). Assim como Catherine Tramell, Hedra usa o desejo masculono ao seu favor. É comum que mulheres psicopatas no cinema sejam retradas como manipuladoras cuja arma principal é o sexo, utilizando-se dele em benefício próprio.
Hedra também é uma mentirosa compulsiva, assim como a maioria dos psicopatas, e o faz tão bem que consegue induzir os ouvintes a duvidarem de si mesmos, mesmo diante evidências. Os psicopatas se comportam dessa forma para que consigam manter seu poder nos relacionamentos.
Annie Wilkes
No filme “Louca Obsessão” (1990), Annie Wilkes (Kathy Bates) prende o escritor Paul Sheldon (James Caan) em sua casa por ser sua fã número um. Uma das características de Annie são suas mudanças extremas de humor – sendo excessivamente doce e então tendo um rompante de violência. Além disso, ela é uma completa narcisista.
Ela revela o limite desse narcisismo quando força Paul a queimar seu novo manuscrito por desgostar da linguagem chula utilizada no material, além de se chatear por ele matar um dos seus personagens favoritos, insistindo que ele o trata de volta à vida.
Hans Beckert
No filme M., o Vampiro de Dusseldorf (1931), Hans Beckert (Peter Lorre) atrai uma garota até sua própria morte. A cidade de Berlim entra em pânico, e a polícia revela que há um assassino em série pedófilo a solta. Esse terror alemão é considerado um dos melhores filmes de todos os tempos, e é um dos que aborda psicopatas realistas.
Devido à sua personalidade carismática, Beckert é capaz de matar sem ser detectado por longos períodos de tempo. Assim como George Harvey, ele consegue se adaptar à sociedade, mesmo com seus comportamentos monstruosos.
Psicopatas não conseguem ignorar seus desejos impulsivos, sendo viciados nas sensações que a realização desses desejos vos causam, mesmo que para isso precisem de atos violentos – como assassinar crianças, no caso de Beckert.
Anton Chigurh
Dentre os psicopatas realistas pesquisados, os especialistas revelam que o mais realista é o personagem interpretado por Javier Bardem no filme “Onde os Fracos Não Têm Vez” (2007).
A adaptação do romance de Cormac McCarthy segue as vidas do veterano de guerra llewelyn Moss (Josh Brolin), que se depara com um negócio de drogas que deu errado e $ 2 milhões em dinheiro, e o rastreador profissional Anton Chigurgh.
Chigurh, além de parecer invulnerável, tem uma espécie de resistência a qualquer forma de emoção ou humanidade – exatamente como um psicopata.
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Fonte: Listverse
