Você sabe qual a diferença entre Sultão, Emir, Xeique e Xá? É comum escutarmos esses termos quando ouvimos ou lemos sobre assuntos relacionados ao Oriente Médio, como ocorreu recentemente com a Copa do Mundo do Qatar. No entanto, o que eles significam? Vamos entender nesse artigo o que é cada um desses títulos.
O que é um Sultão?
Sultão é o nome dado ao governante secular em países islâmicos. Essa denominação se tornou mais frequente depois que o Islamismo estendeu seus territórios de influência e domínio.
Inicialmente, o sultão sempre foi uma autoridade inferior ao califa. A principal diferença para o califa é que o título de sultão não o designava chefe religioso. Contudo, isso não impedia que ele exercesse um controle absoluto em uma determinada região.
Os califas se tornaram os chefes religiosos no Islamismo, vistos como os sucessores diretos do profeta Maomé. Ainda que existam discordâncias profundas entre correntes xiitas e sunitas sobre qual tipo de sucessão define o califa, de modo geral, até hoje, essas figuras são um tipo de governante religioso.
Assim, o uso do termo sultão também é uma forma de separar a esfera política da religiosa. Há uma compreensão de que o sultão deve ser uma figura moralmente forte e íntegra, sem necessariamente comandar os pensamentos religiosos do povo. De forma geral, ele deve se submeter aos líderes religiosos no país.
Os primeiros grandes sultões surgiram no Império Otomano, que corresponde ao território atual da Turquia. Governantes de países como Egito, que não queriam desafiar a autoridade do califado, se autodenominavam sultões.
O termo sultão ainda é usado para governantes de alguns países, como Brunei, Omã e Malásia. Portanto, segue sendo um título de autoridade, sobretudo para países de maioria muçulmana.
O que é um emir?
O termo emir tinha como significado original comandante ou líder. Primeiramente, ele foi usado no Oriente Médio e no norte da África, em nações árabes, para se referir ao chefe comandante das Forças Armadas.
A origem etimológica da palavra vem do árabe amr, que é um verbo que significa algo próximo a comandar. Uma curiosidade é que a palavra almirante deriva da mesma origem da palavra emir.
Com o passar do tempo, no entanto, o termo emir adquiriu um novo significado e abrangência. Então, alguns países árabes menores passaram a utilizar o título de Emir para designar a autoridade do líder. Da mesma forma como ocorre com sultão, esse termo não se confunde com a ideia de califa.
Hoje em dia, a abrangência do termo emir é tal que um príncipe pode ser chamado dessa forma, assim como o líder de uma peregrinação religiosa. É comum também que o título seja usado para se referir a outros membros da nobreza ou aos membros mais velhos de uma comunidade.
Alguns países cujos chefes de estado são chamados de emir são Kuwait (antes usava o termo sheik), Qatar e Emirados Árabes Unidos. Assim, é comum que o país governado por um emir seja considerado um emirado.
O que é um sheik?
Sheikh ou sheik é uma palavra árabe, anterior ao próprio surgimento do Islã. Era um termo usado para se referir a membros idosos de uma tribo, que eram figuras de respeito. Então, era alguém que poderia exercer uma certa autoridade política sobre um grupo de pessoas em um local específico.
Nos tempos atuais, o sheik pode assumir de fato essa função de orientar e proteger pessoas, resolver disputas, participar da administração e da aplicação das leis e até mesmo ser um líder religioso.
Um erro bastante comum que pessoas ocidentais podem cometer é ter um entendimento de que todos os sheiks são muçulmanos. Da mesma forma, é inadequado enxergar todos os árabes como islâmicos.
Isso porque existem países árabes, como o Líbano, onde existem sheiks cristãos, que exercem autoridade local sobre seu povo.
Assim, na atualidade, o sheik pode ser compreendido como um termo honorário para designar membros importantes de uma comunidade, que detém grande experiência, sabedoria ou riqueza.
Ao mesmo tempo, o termo sheik pode ser usado para se referir a estudiosos religiosos. Alguns sufis mais velhos que são professores e instrutores, por exemplo, podem ser chamados de sheiks.
O que é um xá?
A palavra xá, em português, é uma tradução da palavra ‘shah’, que tem sua origem etimológica a partir do termo Khshayathiya, da língua persa antiga. Era o título dos reis do Irã, outrora Pérsia.
A composição shähanshäh foi um título adotado pela dinastia Pahlavi no século XX, como uma evocação ao antigo “Rei dos Reis” persa, Ciro II, o Grande. Outra forma de tratamento relacionada ao termo xá é padshäh, que em tradução livre, seria “Senhor Rei.”
O último xá do Irã foi Mohammad Rezä Shäh Pahlevi, que esteve à frente do país de 16 de setembro de 1941 até 11 de fevereiro de 1979, quando ocorreu a Revolução Iraniana. Ele foi o segundo e último monarca da Casa de Pahlevi.
O título xá também foi usado no Afeganistão até a derrubada de sua monarquia, em 1973. Além disso, seu uso ocorreu de forma menos frequente por governantes e príncipes de alguns países da Ásia Central e Meridional.
Qual a diferença entre Sultão, Emir, Xeique e Xá
Podemos observar, então, que a diferença entre sultão, emir, sheik e xá, reside no reconhecimento da diferença de atuação e característica de um deles.
Todas essas figuras são lideranças. No entanto, a forma como exercem seu papel de líder é distinta. O sultão é um governante de fato, no sentido político. O mesmo ocorre atualmente com a figura do emir, ainda que no passado, o termo fosse usado para identificar o chefe das forças armadas.
Já a figura do sheik é mais complexa, porque envolve um título que é oferecido a alguém por reconhecimento da sua autoridade local, grande saber secular ou religioso, influência sobre um grupo ou para se referir a pessoas da nobreza.
Provavelmente, o termo sheik é o que mais corre o risco de ser mal compreendido pelos cidadãos ocidentais, que podem chamar de sheik figuras que na verdade são emir. Ou mesmo acreditarem que todos os sheiks são associados à religião islâmica, o que não é verdade.
Finalmente, o termo xá é o mais específico porque se tornou mais amplamente conhecido por ser a designação dos antigos monarcas persas, que se tornaram iranianos.
É importante entender a diferença entre sultão, emir, sheik e xá, de modo que a cultura árabe não seja generalizada, como se todos eles fossem sinônimos ou semelhantes entre si.
Não existe apenas um mundo árabe, e sim, diversos países com culturas e características distintas, que compartilham de uma mesma origem e muitas vezes, seguem a mesma religião.
Fonte: Cultural World / Public People / Britannica